
Os japoneses evitavam chamar «sobreviventes» aos que viveram os bombardeamentos de Hiroshima e Nagasaki, por isso passaram a chamar-lhe «hibakusha» que significa literalmente pessoas afectadas pela explosão. Num livro com 220 páginas é difícil destacar dois pontos mas as palavras de Eisenhower num texto de 1963 são espantosas: «O Japão tentava precisamente nessa altura render-se sem perder por completo a face. Não era necessário atingir o país com essa coisa abominável». Outro ponto é a conversa matinal do Dr. Sasaki com a sua equipa da clínica: «Não façam do dinheiro o principal objectivo do vosso trabalho; cumpram o vosso dever para como os doentes em primeiro lugar e pensem só depois no dinheiro; a nossa vida é curta e não vivemos duas vezes; o turbilhão levanta as folhas e fá-las girar mas depois deixa-as cair e estas formam um monte.»
Para quem acredita que o jornalismo é uma disciplina da literatura, este é um livro a não perder. Para quem ainda não acredita este é também um livro a não perder, pois a sua leitura vai alterar tudo e o leitor vai passar a acreditar.
(Editora: Antígona, Tradução: Fernando Gonçalves, Revisão: Júlio Henriques)
José do Carmo Francisco
«Hiroshima» de John Hersey
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