
Organizado por capítulos, o livro de João Viegas contempla nas suas páginas uma refeição completa: entradas, saladas, sopas, pratos de peixe, pratos de carne, doces e bebidas. No final um glossário e um índice remissivo ajudam os mais recentes convertidos à religião da boa mesa. Completa o quadro a legenda composta por relógio, talheres e o símbolo do euro indicando cada um deles o tempo, o grau de dificuldade e o custo de cada prato.
Um dos mais curiosos pratos surge na página 100 e trata-se do «Bife à Marrare», para muitos apenas e só o «Bife à café». Ora o nome do primeiro Marrare era napolitano e existiu na Rua Garrett nº 54-64 um café a que se chamava «Marrare do Polimento» por causa do polimento dos seus móveis. Fundado em 1820 para substituir o luxo do «Botequim das Parras», existiu até 1866 e foi frequentado por nomes das letras e da política tais como Sousa Bastos, Bulhão Pato, Passos Manuel, Almeida Garrett, Alexandre Herculano e José Estevão. Mais tarde Eça de Queirós fez, num certo sentido, renascer esse café no livro «Os Maias».
Vejamos o que escreve o autor: «O bife à Marrare, a que muitos chamam «bife à café», imortalizou um célebre café de Lisboa do princípio do século XX, cujo proprietário, galego, como era usual à época, tinha o apelido de Marrare. No seu estabelecimento, reuniam-se os boémios e os marialvas, grandes apreciadores desta saborosa iguaria fica agora ao seu dispor.» E segue-se a receita. Fica então assim provado que há diversas versões do bife à Marrare e também da sua história nos estabelecimentos de Lisboa. Mas também até por isso este livro é uma boa descoberta e um ponto de partida para novas aventuras gastronómicas. Bom proveito aos leitores, a todos e a todas!
(Editora: Bizâncio, Capa: Sofia Silveira, Revisão: Sandra Pereira e Carlos Alves, Fotos, João Viegas, Colaboração: Delfina Viegas)
José do Carmo Francisco
«Cozinha fácil para Homens que não sabem estrelar um ovo» de João Viegas
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