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Não gosto, não gosto mesmo nada… Esta cidade está feia e cresce mal. Para patos, chegariam os do Parque, que a faisões e pavões, não chegámos, mas para esses acaba-se a ração, enquanto os patos-bravos engordam e acabam com o resto. Daqui a nada, a toponímia caldense estará saturada de antigos.
A antiga praça do peixe; a antiga praça da fruta; o antigo largo do antigo hospital termal…E poder-se-á ver como era, em exposições temporárias no museu da bicicleta…
No parque, patos e cisnes, estão a ser substituídos, a passos largos, por colónias infestantes de pombos, que se reproduzem como coelhos. Os pombos, que aliás alguém já chamou de ratazanas com asas, são os grandes beneficiários da incúria pública, pois têm já hoje direito ao maior e mais majestoso pombal, não só do país, mas quiçá do mundo: os pavilhões do parque. Desiste-se do hospital, aposte-se no pombal!Quando será que vai ruir? E a decadência fica-lhe mesmo a matar.
Ai rainha prima, isto não é vida, é vidinha. Pobrezinhos, tristinhos, falidinhos, lixadinhos, desencantadinhos, e preferencialmente, caladinhos… Planos estratégicos para a cidade? Ó amigo, é já a seguir… desenrasca-se qualquer coisinha, há sempre um amigo que faz a coisa baratinha, a amizade é uma coisa bonita, e os amigos são para as ocasiões… Uma mão lava a outra e os favores são um crédito seguro… Ai que saudades dos Rodrigos, agora são só rodriguinhos… Um dia destes já não temos caldas, só caldinhos… E o que fazem os responsáveis? Viram as costas e sacodem literalmente as águas do capote, impermeáveis à história e à memória, sacando tudo quanto podem, sadicamente sacrificando o destino da terra.
Pois é real prima, anda mal a tua cidade. Até a saúde está doente, fundiu-se e ameaça insolvência, enredada nas teias dos neosábios, armados dos seus power-points e folhas de Excel, com discursos emburrecidos e emburrecedores. Estejam descansadinhos, que estamos a tratar-vos da saúde… não pensem, não mexam, não respirem… dói um bocadinho mas depois passa… Vá lá, não sejam choninhas… e não se queixem por ficarem chozinhos… a malta habitua-se, é para o vosso bem, não há alternativa, tem que ser, alguém tem que tomar conta do povo…
Pois é querida prima, Leonor rainha, não gosto… não gosto mesmo nada disto…
Vou ali já venho…
Leonor Tornada
leonor.tornada@gmail.com
