Vou ali já venho… De costas voltadas sobre a Câmara e as actividades culturais

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Acabaram-se as fúteis festas de verão, os populares arraiais e as festas brancas pretensamente queques, pretensamente in e mais alaranjadas que brancas, acabou-se o folclore da campanha eleitoral, acabou-se o foguetório e as tasquinhas e regressa o Outono! Cabe agora ao Outono carregar a esperança que a Primavera não trouxe…
Falando de Cultura e da nossa cidade o Outono começa com um programa cultural interessante. Música jazz de elevado nível, teatro de dramaturgia ousada, exposições fotográficas e também cantigas do avô e comédias revisteiras. E um evento de artes plásticas!
Pouco, ainda assim, numa cidade que alberga uma escola superior de arte? Talvez sim, mas Outubro pode considerar-se um mês rico do ponto de vista da oferta cultural. Outubro, pois, porque por outras bandas pensa-se a 6 meses, a um ano, fazem-se redes, existem políticas culturais! Já alguém ouviu falar na política cultural de Caldas da Rainha? Lá devo andar distraída outra vez. Se calhar sou eu que não conheço. Deve haver algo pensado, já que a autarquia tem peso no CCC, tem um Centro de Artes, coisas magníficas deste gabarito. Têm, de certeza, uma ideia, um desígnio pela frente…
Mas a realidade, ai a realidade!
E os museus, senhores? Têm muitas visitas?
É certo que cidade continua pouco acolhedora. A deficiente qualidade urbanística não é convidativa. Heranças pesadas deixadas pelo nosso vereador de Loures, pois! E veremos se os herdeiros, legítimos e de descendência directa, continuam pelo mesmo caminho ou arrepiam… Mas, para quem nos visita, a falta de harmonia do espaço citadino, particularmente no seu casco histórico, desilude e desmobiliza.
E os museus continuam às moscas, muito particularmente aqueles que estão entregues à directa gestão da Câmara e fazem parte do chamado Centro de Artes. Relativamente recentes, mas já apresentando ares de decrepitude! Pouco activos, provavelmente sub-financiados, abandonados, pouco promovidos. Não sabemos sequer se estão fechados se estão abertos, se alguém porventura nos vem abrir a porta.
Em tempo de museus inter-activos a maior interactividade que se encontra é com os anúncios nas portas dos Museus João Fragoso e António Duarte: “Fechado ao público. Para mais informações dirija-se a…”. Interactividade plena! Essa, e a que tive com uma teia de aranha numa escultura do Museu Barata Feyo! Meios muito mais comunicativos do que os usados pela pessoa que está na recepção do Museu Barata Feyo, que não deve nada à simpatia e tem pouca vontade de informar!
E entretanto está em fase de construção o Museu do escultor lisboeta Leopoldo de Almeida (obra lançada em princípios de 2011 e que teria, segundo a nossa Bretes Jardim, a duração prevista de um ano… Pois, um ano!).
Quantos museus tem Caldas?
Ora vejamos: Atelier-Museu António Duarte, Atelier-Museu João Fragoso, Espaço Concas e Museu Barata Feyo, constituindo o chamado Centro de Artes. E ainda Museu da Cerâmica, Casa Museu São Rafael, Museu do Ciclismo, Museu do Hospital e das Caldas e Museu José Malhoa. Sem falar noutros, alternativos…
Alguns dos Museus da Câmara até são (ou eram para ser) Ateliers-Museus (e espaços de apoio à criação artística) mas de Atelier parece que só no nome. Já lá vai tempo! Será que se pensou apenas na construção do edifício, no betão e se esqueceu o resto?
Constroem-se as coisas mas não há programas funcionais e depois fica tudo na política do soufflé?
Alguém me poderá dizer se há alguma coordenação entre o programa dos diferentes Museus e entre estes e o das outras instituições culturais?
Lá volto eu, é de certeza o meu desconhecimento da política cultural onde se pensa a cidade. É agora que vai ser revelada! A ideia de cidade sempre existiu, o que faltou foi capacidade comunicativa e de realização. Será? Vá, não se riam, é o benefício da dúvida. Que pessoas tão descrentes os caldenses leitores!
Vou ali, já venho…

Leonor Tornada
leonor.tornada@gmail.com

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