Viver a cidade – Uma marca para a região

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Na crónica anterior tentei explicar que a cidade e a região têm várias designações fruto das actividades e investimentos dispersos, e que teriam de se concentrar num denominador comum – a qualificação de “Bem-Estar”. Este principio genérico tanto se aplicaria ao turismo termal em todas as suas vertentes (clinica, restauração, hotelaria, eventos culturais) como à própria produção local (agrícola, piscícola, etc.).
Ao longo dos anos temos escutado os políticos de sucessivos governos apelar à concentração empresarial, ao aproveitamento de sinergias, à optimização de recursos, à procura de ‘’escala’’. Todos estes conselhos são correctos, mas o próprio Estado falha quando assim não procede na sua organização e estrutura.
Não é possível gerir bem a ‘’Coisa Pública’’ se não aplicarmos os mesmos princípios à estrutura do Estado. Não é possível falarmos em concentração, aproveitamento de sinergias, redução de custos por optimização de recursos, em procurarmos a ‘’escala’’, quando a reforma administrativa do Estado se ficou apenas pela fusão de freguesias.
Contudo, é já hoje possível criar estruturas supraconcelhias de carácter técnico que trabalhem com carácter permanente na área do desenvolvimento económico das regiões, nomeadamente no que concerne às definições estratégicas e sua implementação. Refiro-me à criação de órgãos técnicos que sejam responsáveis, com carácter vinculativo, pelas definições das áreas prioritárias de desenvolvimento local que se tornariam em clusters, na sua implementação, regras de entrada e políticas de marketing e comerciais.
A criação de uma marca de ´´Bem-Estar´´ e um programa de marketing promocional a ela associado, criaria as condições para gerar procura em outras áreas de negócio e, consequentemente, um interesse por parte do sector privado em investir nessas áreas.
Tudo isto assente num modelo de franchising em que os donos da franquia seriam as entidades públicas e privadas interventivas no projecto. Esse modelo permitiria abrir unidades de negócio em cada uma destas áreas e no número considerado viável para a sua rentabilidade (eventualmente uma por concelho) e optimizar unidades industriais já existentes, nomeadamente, as empresas de águas do Areeiro e do Vimeiro no sector das águas, a Sagilda no da cosmética, as empresas conserveiras no sector das conservas (baixo teor de colesterol), e empresas agro-alimentares no sector da alimentação.
Deste modo seria possível criar uma rede franquiada de clínicas, hotéis, spas, restaurantes, ginásios, bem como a criação, numa primeira fase do conceito de shop-in-shop integrados em supermercados locais, onde seriam comercializados os produtos hortícolas primários ou transformados da região.
Neste modelo o papel do Estado seria o de financiar o estudo sobre a competitividade da região Oeste (semelhante ao encomendado por Mira Amaral a Michael Porter em 1994 para a economia portuguesa) e o de criar uma supraestrutura responsável pela definição da estratégia, normativos e criação das marcas e política de marketing.
Esta estrutura e todo o investimento em marketing promocional seria posteriormente financiada pelos proveitos recebidos em forma de royalties pelas empresas franquiadas e pelo percentual de facturação estabelecido para os produtos fabricados e comercializados pelas outras empresas industriais, de pesca e conservas ou agrícolas.
O sector público funcionaria, assim, como dinamizador ou catalisador do investimento privado, criando condições para atrair investidores e substituindo as empresas nos investimentos em marketing que seria articulado entre todos os sectores criando uma marca umbrella e sub-marcas por sector.

Paulo Caiado
prcaiado@gmail.com

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