Vandalismo não é só graffitar comboios

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notícias das CaldasAtente-se nesta fotografia. É de uma automotora da CP estacionada em Monte-Abraão e prestes a sair para as Caldas da Rainha. Encontrei-a assim hoje, repleta de graffiti, vandalizada, até com as janelas pintadas. Ali estava a borrada, sem arte nem engenho, apenas uma estampa de um ego desmesurado num miserável acto de exibicionismo por parte de quem não respeita a propriedade alheia e que, neste caso, até é de todos.Hoje, ainda, encontrei mais algumas formas de vandalismo na CP. Ou melhor dizendo, de auto-vandalismo, se tal coisa existe:

– Bilhete multi-transporte na região de Lisboa. É um bilhete recarregável que se pode usar em todos os transportes de Lisboa. Acontece que depois de usado na CP já não funcionará nos restantes transportes.  Custa 50 cêntimos e é válido por um ano. Pode ser devolvido ou renovado mas… apenas se se tiver o recibo da compra. Consequência: tenho vários destes bilhetes na carteira, para diferentes transportes, uns a funcionar, outros não. Mas são recarregáveis…
– Site da CP: é um local disfuncional, com erros vários de usabilidade. Por exemplo, a caixa onde ser escreve o nome das estações ao pesquisar horários tem um comportamento não-padrão, aceitável num browser clássico, mas problemático nos telemóveis (o que não é de menosprezar, atendendo ao crescente uso destes brinquedos e do jeito que dá poder-se planear uma viagem em qualquer lugar).
Para ver horários completos é preciso descarregar PDFs e, como se isso já não fosse mau, são enormes (5 MB para a linha do Oeste). Porque não mostrar os horários numa simples tabela de texto?
Mas há mais. A pesquisa de horários têm erros. Pesquise-se, por exemplo, que comboios existem de Monte Abraão para a Amieira e veremos o site dizer que não existem ligações. Mas existem, como se pode verificar pelo PDF existente no site da CP.
Já tudo o que respeita à linha do Norte é muito positivo, desde a compra de bilhetes online, até à informação disponível. Mas será isso que se pretende, apenas ter uma linha entre Lisboa e Porto?
– Os horários e as ligações: já aqui foi frisado algumas vezes esse aspecto bizarro dos horários não terem em conta as ligações entre diferentes comboios, levando a que se percam ligações por cinco minutos (coisa que, paradoxalmente acontece há décadas, apesar dos ajustes feitos bi-anualmente).
Mas há mais. Tirando o serviço Alfa, as viagem são frequentemente longas e em horas pouco convenientes. Por exemplo, a linha do Oeste, que conheço bem, tem um número considerável de comboios das Caldas para Lisboa. Mas se se quiser usar este transporte para vir trabalhar em Lisboa, será preciso apanhar o regional das 5h17, já que o InterRegional das 6h57 chega em cima da hora (o que torna a opção “comboio” apenas útil para quem trabalhe ao lado de uma paragem de comboio).
Quanto ao troço Caldas-Figueira, é simplesmente miserável, apenas com comboios a parar em todas as capelinhas e em horários que não lembram ao menino jesus. Como é que é possível que o litoral, onde se concentra a maioria da população, não seja terreno fértil para o negócio da ferrovia?
Se os graffiti que borram os comboios não passam de vandalismo, também gerir uma empresa assim não o é menos.

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Jorge Lopes

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3 COMENTÁRIOS

  1. Sr. Jorge Lopes, aconcelho a fazer novamente a pesquisa dos horarios entre M Abraao e Amieira, porque e fiz essa pesquisa e foram dados 2 comboios nesse trajecto.

  2. Nao fale mal de uma cultura da qual o senhor desconhece!!! as mesmas pessoas que os fazem pagam os mesmos ou pais impostos e bilhetes que voce paga.. apenas tiram partido daquilo que a nossa cidade tem para oferecer… ou apenas acham.. que o graffiti e’ so’ embelezar partes da cidade degradada que existe ?!!