A ocupação, o genocídio, a tortura, a morte pela fome, a opressão da Palestina e do seu povo é a repetição de uma violência secular, da qual nos alimentamos.
Somos os descendentes da nação que condecorou o tentente-coronel por jogar à bola com a cabeça das pessoas que matava. Temos o nome dele em ruas, para que nunca nos esqueçamos do bem que praticou.
Somos os descendentes da nação de violadores que foi fazer amor para as terras que colonizámos à força da bala.
Somos a nação racista que, sem precisar de muros, esconde nos arredores da cidade os descendentes das nações que torturámos.
Somos os demolidores de casas de família, porque achamos que há quem não tenha o mesmo direito à vida.
Somos varredores de gente sem casa, porque não suportamos olhar para a pobreza que impomos a quem achamos ser menos que nós.
Somos as fortalezas levantadas para impedir a entrada dos que morrem na violência das guerras feitas em nosso nome.
Somos a apatia de quem trabalha humilde e feliz, todos os dias, para nunca chegar a ter coisa nenhuma.
Somos os escravos voluntários de patrões que bajulamos por acharmos que são mais que nós. E desejarmos um dia ser como eles.
Somos a precariedade dos muitos pobres que são sustento da riqueza excepcional dos muito ricos.
Somos a indignação de esplanada. O voto de 4 em 4 anos. A indiferença à tragédia.
Somos aqueles que adormecem a não pensar em nada, enquanto milhares de tipos inteligentes e poderosos pensam em tudo.*
Somos descendentes de uma história que nos é mal contada. Que nos coloniza o pensamento. Que nos impede de resistir porque achamos ser livres.
Não somos livres. Precisamos de ser resistência.
Não vamos ser nós a salvar a Palestina.
Mas pode ser que seja a Palestina a salvar-nos a nós.
Palestina Livre Caldas (*”FMI” – José Mário Branco)
































