Depois da estreia em 2011 com um livro de 11 contos («Linha de cabeceira») em edição da «Padrões Culturais», Pedro Gomes, natural de Parceiros de S. João (n.1941) publica o seu segundo título – uma memória pessoal da odisseia «leonina» na conquista da Taça das Taças em Maio de 1964. A sua narrativa incide não só nos companheiros de aventura na época desportiva de 1963/64 mas também nos que, fora do campo, contribuíram para este sucesso europeu dos «leões»: «O homem da relva, os roupeiros, os massagistas, os médicos, os treinadores, os dirigentes, os familiares dos jogadores, a comunicação social». Além de Pedro Gomes, participaram nesta conquista desportiva europeia os seguintes elementos: Carvalho, Alexandre Baptista, Alfredo, Augusto, Bé, Ferreira Pinto, Fernando Mendes, Figueiredo, Géo, Hilário, José Carlos, David Julius, Louro, Lúcio, Mário Lino, Mascarenhas, Monteiro, Morais, Osvaldo Silva e Pérides.
Os adversários sucessivamente derrotados pelos «leões» até aos jogos decisivos de 13 e 15 de Maio de 1964 em Bruxelas e Antuérpia com o «MTK» da Hungria foram os seguintes: Atalanta, Apoel, Manchester United e Lyon. Dois pormenores apenas: com os actuais regulamentos não haveria terceiros jogos de desempate e o SCP teria sido eliminado, foi a lesão de Hilário que possibilitou a chamada de Morais que marcou o golo da vitória na finalíssima.
Há pormenores espantosos nestas páginas: Pedro Gomes revela que os cipriotas do Apoel eliminaram os noruegueses do Gjoevik Lyn por 7-0 no conjunto dos dois jogos quando o futebol na Noruega não eram assim tão «tosco» como muita gente julgava. Daí o mérito «leonino» na vitória de 16-1 sobre o Apoel de Chipre, ainda hoje record nos jogos da UEFA.
Na esteira de uma frase de um dirigente do SCP («A grandeza do clube é devida aos sócios, a glória deve-se aos atletas») Pedro Gomes dedica a todos os 21 jogadores uma nota biográfica. Lembrando os vivos e os mortos, os ínfimos pormenores e os grandes momentos, as fraquezas e as forças de todos e de cada um, Pedro Gomes alcança aquilo a que a Literatura aspira – tal como numa oração que religa dois Mundos, junta de novo, na Palavra, tudo o que a Morte separou.
(Prefácio: Bruno de Carvalho, Capa: Nuno Gomes, Título: Fernando Gomes)
José do Carmo Francisco

































