Uma Agenda para unir as Caldas

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Manuel Bandeira Duarte
Designer e artista

Não serei o único que pensa sobre esta questão, por isso decidi partilhá-la de forma mais vasta, escrevendo sobre ela. Desde já, esclareço que, irei basear-me no “Verão”, um período mais alargado — entre março e setembro — ainda que isso vá além do calendário oficial da estação. Também não me refiro ao clima nem à neblina habitual, mas sim à agitação da agenda de eventos na nossa cidade.

Durante largos meses do ano, por diversas razões, a agenda cultural abranda e permite-nos hibernar no conforto dos nossos lares — algo que, para muitos, é benéfico; para outros, nem tanto. Porém, com o chegar do “Verão”, os dias começam a ganhar asteriscos no calendário e lembretes no telemóvel. Pelo menos no meu caso, a Agenda transforma-se numa explosão de cores e numa autêntica sopa de letras com eventos para viver.

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É extremamente positivo sentir o dinamismo que a nossa região alcança com o regresso do som das andorinhas e das árvores em flor. Tão positivo, que dou por mim a repetir frases como: “Tenho este evento, já não posso ir a esse”; ou “Gostava de ir, mas estarei noutra ação”. Mais frustrante é, ainda, quando surge um evento de grande interesse e, por ter sido anunciado horas antes, não é possível estar presente. É, a meu ver, uma oportunidade perdida — e evitável.

As Caldas da Rainha é uma cidade embebida de espírito criativo, associativo e empreendedor. Por isso, acredito que faria todo o sentido existir uma Agenda Cultural Integrada — Física e digital — na qual criadores, coletvidades e instituições pudessem registar e reservar datas (mesmo que sobrepostas) para as suas atividades. Assim, os munícipes poderiam acompanhar os eventos futuros, selecionar aqueles que mais lhes interessam e planear a sua participação com antecedência. Seria uma plataforma simples, mas importante, para melhorar a articulação entre os promotores e o público.

É claro que nem todos os eventos se dirigem às mesmas pessoas. Contudo, já vivi situações — como dinamizador e como espectador, em que gostaria de ter estado presente em diversos acontecimentos e em que, dada a sua sobreposição, fui forçado a escolher ou a dividir-me.

As Caldas e as suas atividades são tão positivas que considero quase cruel o desconhecimento de muitas delas e, acima de tudo, a incompatibilidade de horários que impede a nossa participação em iniciativas verdadeiramente interessantes. Fica, pois, esta sugestão para reflexão — um passo em frente na valorização e na acessibilidade da nossa rica vida cultural.

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