UM LIVRO POR SEMANA / 570 / «Rodoviária do Tejo» de Deolinda Folgado e Jorge Custódio

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Gazeta das Caldas
| D.R

Gazeta das CaldasCom o subtítulo de «nas origens, na história e na modernidade da viagem coletiva» que a sobrecapa não reproduz (omite a expressão «nas origens») este livro de 300 páginas organiza-se em seis capítulos e podemos chamar-lhe sem exagero a fotobiografia de um certo «tempo» português no século XX. O ponto de partida é a caracterização da Rodoviária do Tejo: «A história das empresas rodoviárias do século XX e de todas aquelas que são matriz da Rodoviária do Tejo inicia-se verdadeiramente no século XIX, através dos pioneiros dos transportes terrestres regulares de serviço público de mercadorias e de passageiros.»
São várias as empresas aqui recordadas nas suas diversas componentes (frota, imóveis, arquivos e memórias) a saber: Claras (Torres Novas), União Automóvel Leiriense (Leiria), A Scalabitana (Santarém), João Cândido Belo (Azeitão), Camionagem Vilela (Marinha Grande) e A Ribatejana (Santarém). Mas o livro não se debruça apenas pela vida das empresas; há homens e mulheres que são o rosto das empresas e a sua referência. Por exemplo Maria Natércia Pedrosa na página 287 «No início foi muito difícil aceitarem-me. Não era habitual verem uma mulher motorista.» Ou António Guimarães na página 285: «Com autorização dos patrões criei os desdobramentos e pouco a pouco foi preciso criar novas carreiras.»

O único ponto desagradável deste trabalho está no aborto ortográfico. Na página 247 surge a palavra aspetos, na 164 efetivamente, na 283 ativo e na 155 oção. Por seu lado na página 296 aparece Actas para o Município das Caldas das Rainha mas Atas para a edilidade de Torres Novas. Na página 154 aparece tracão em vez de tracção, na 296 existe um salto de linha em «Ribatejana» e na 286 julgamos faltar a palava «anos» a seguir a 48. Nas páginas 222, 285 e 297 escreve-se Gazeta Caldas em vez de Gazeta Claras. Na página 247 há 29 linhas de texto repetidas desde «Os marcos» até «culturais». Tudo isto não altera a qualidade do livro pois como dizia Francisco Rodrigues Lobo – «vós os vedes, vós os castigais».
Apenas três breves notas a terminar a ficha de leitura. Sou do tempo em que nas Caldas as pessoas das Antas, do Zambujal, do Vale Serrão e do Casal dos Carvalhos diziam «Com o Guimarães ninguém fica em terra!». Sou do tempo em que a taberna do Clementino era uma paragem informal da carreira de Santa Catarina que ia à estação da CP buscar o pessoal da automotora das 19h 20m. Sou do tempo em que o café da Garagem dos Capristanos era a estreia para quem bebia café fora de casa pela primeira vez.
(Edição: O RIBATEJO/Rodoviária do Tejo SA, Prefácio: Martinho Santos Costa, Design Editorial: Imagens & Letras)

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