
Portugal e o Brasil tinham no século XIX fortes relações comerciais: Portugal vendia vinho e azeite para comprar café e algodão. No Brasil as condições de vida eram péssimas nos «cortiços»: «dormem a esmo no chão numa promiscuidade torpe» escreve Ramalho Ortigão. No ano de 1893 havia perto de 4 mil pessoas no cortiço «Cabeça de Porto» e o seu desmantelamento deu origem ao nascimento das favelas nos morros do Rio de Janeiro. Em Portugal as condições eram parecidas: «imperfeita limpeza dos canos, imundície acumulada nas praias, viciosa construção da maior parte das habitações, deploráveis condições de alguns bairros da cidade, asquerosas disposições do matadouro, insuficiente abastecimento de águas, desprezo dos preceitos de higiene municipal e privada» são algumas das causas do desenvolvimento da epidemia.
Por sua vez a Princesa Rattazzi refere no seu livro sobre Portugal: «As casas de Lisboa são habitadas principalmente de Verão, por um enxame de baratas que à noite saem pelas fendas do sobrado, do tecto, das paredes, por todos os lados, enegrecendo as casas». A autora inscreve no seu texto não apenas as referências históricas dos decretos e das providências tomadas pelos Governos contra a febre-amarela mas também citações literárias: além da já referida Princesa Rattazzi, Júlio Verne, Alexandre Dumas, Alexandre Herculano, Júlio Dinis, Camilo Castelo Branco, Ramalho Ortigão, Rafael Bordalo Pinheiro e Cesário Verde que num dos seus poemas refere a febre-amarela: «Pela manhã em vez dos trens dos baptizados / Rodavam sem cessar as seges dos enterros».
(Edição: Chiado Editora, Capa: Sandra Figueiredo)
José do Carmo Francisco
«Lisboa, Rio de Janeiro, Comércio e Mosquitos» de Patrícia Moreno
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