João SilvaJoão Silva
professor
A começar um novo ano renovo energia e esperança no amanhã, embora com a consciência de que não posso fazer “reset” do passado. Sinto necessidade de voltar às origens, de vestir a pele de geógrafo e deixar-me seduzir pela demografia.
A PORDATA e os Censos são uma fonte de dados muito interessante para percbermos o concelho em que vivemos e o que o amanhã nos reserva. Entre os censos de 2011 e 2021 “encolhemos”, ou seja, a população das Caldas da Rainha passou de 51.720 para 50.910 habitantes. Embora esta diminuição não seja de grande dimensão, contraria a tendência anterior e faz-nos pensar de qual será o caminho futuro.
Agregamos outros dados e a realidade revela-se desafiadora. Nascimentos a encolher e óbitos a crescer. A pandemia da Covid-19 contribuiu para a dimensão destes números, mas não é a única razão de um saldo natural negativo que teima em se agravar. Em 2021 registámos 717 mortes face aos 327 nascimentos. São números cruéis que não podemos ignorar.
Estamos a decrescer, mas também a envelhecer de forma acentuada. Entre os dois últimos Censos a percentagem de população jovem passou de 14,6 para 12,1, enquanto a população idosa cresceu de 20,9 para 25,7%. É uma realidade comum a toda a Europa, embora desafiante para o território e seus sistemas de saúde e social. Este envelhecimento também se reflete no sistema de ensino, pelo que o número de alunos tem decrescido em todos os ciclos de escolaridade.
Diminuição, decréscimo, regressão, …, são sinónimos que estão presentes sempre que falamos de população jovem. Contudo, não devemos deixar que esta constatação nos prive de olhar noutros sentidos com certeza mais motivadores. Nomeadamente, os cidadãos estrangeiros com autorização de residência a viver nas Caldas da Rainha registam um aumento significativo. No período de tempo referido anteriormente, o seu número passou de 2.328 para 3.998.
Penso que este número não será novidade para a maioria de nós, basta passar nas ruas da cidade, entrar nos espaços comerciais, observar os campos agrícolas ou estar junto dos estabelecimentos de ensino nas horas de maior afluxo.
É este crescimento de população estrangeira que pode fazer a diferença num concelho que envelhece, pelo que será determinante a forma como a acolhemos, estimulando a sua força de vontade e determinação para fazer a diferença pela positiva.
Votos de um excelente 2023!
































