No passado dia 22 de Julho, sexta-feira, deflagrou um incêndio (ou vários?) nas imediações do Béltico, próximo do Gronho. Dado que o vento soprava de noroeste, a proximidade de casas e a grande mancha verde de vegetação tornaram-se em alvo de perigo e de tal modo inquietou as autoridades locais, que foram destacados para o local fortes dispositivos de combate ao fogo.
Registei a existência de corporações de bombeiros voluntários de todo o distrito, coordenados por comando de protecção civil, helicóptero, máquinas para abrir acessos e pessoas de boa vontade que supriram as necessidades de água e alimento aos soldados da paz, que tiveram possibilidade de o fazer. Casos houve em que os bombeiros, após receberem a refeição, tiveram de a deixar intacta de imediato para voltarem de novo ao combate do fogo. Não obstante a contrariedade, agradeciam o alimento a quem o servia como se o tivessem ingerido.
O fogo começou de manhã, mas ao fim da tarde ainda existiam focos de incêndio.
Que dizer a estes homens que enfrentam o perigo desmesuravelmente maior do que eles e tantas vezes os traem pelas costas, vitimando-os, apesar de sua coragem cega e resistência a tocar os limites? Não têm horários de trabalho, nem recebem horas extraordinárias e – que eu saiba – não contribuíram para o défice público. Mas quantas vezes defendem o que é nosso, o que é de todos, até à exaustão?
E reconhecimentos? Alguns.
Gostaria de vos deixar com um pequeno grande gesto de que tive conhecimento neste teatro de operações.
Uma menina de quatro anos, vestida com uma camisola dos escuteiros dos Estados Unidos da América acompanhada pelo pai, emigrante, ao abeirar-se do local onde providenciavam o alimento aos bombeiros, a fim de saber se sua casa estaria em perigo, foi surpreendido com a pergunta de sua filha, se podia ajudar também os bombeiros.
Perguntaram-lhe porquê e como e a menina respondeu com a simplicidade e a convicção de uma criança: “quero ajudar também pois tenho aqui bolachas e quero dar as minhas bolachas aos bombeiros.”
Eram todas as bolachas que possuía.
Grande lição de vida, para mim.
Bem hajam todos os Bombeiros e crianças de genuína solidariedade.
Daniel Rabiais
































