Quo Vadis… Caldas? – Sinalética e estacionamento

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RuiGoncalvesO comércio caldense constitui-se desde sempre como uma das principais atividades económicas do concelho. Antigamente alavancado pelas termas, que faziam acorrer à cidade inúmeros forasteiros, passou a viver (ou sobreviver?) por sua conta e risco, quando o termalismo sucumbiu e deixámos de usufruir dessa capacidade de atração. Como se não bastasse, estes tempos coincidiram com a moda e proliferação dos enfadonhos, pouco saudáveis e depressivos “centros comerciais”, que se estruturam tipologicamente com condições mais apelativas para o consumidor. É a climatização, a proteção do sol e da chuva e acima de tudo o estacionamento garantido, cómodo e “à porta”, que fizeram a diferença e estremeceram o tradicional comércio de rua, que em Caldas da Rainha sempre foi forte, moderno e apelativo e que continua a ser uma “imagem de marca” da cidade. E de tal forma, que o comércio caldense conseguiu em grande parte resistir, regenerando-se, perante a concorrência das grandes superfícies. Resistência que resultou acima de tudo, da capacidade empreendedora de alguns empresários.

Mas é possível esbater as diferenças. A criação de condições que se aproximem daquelas que os tais centros comerciais oferecem aos utilizadores, podem atenuar e minimizar essas diferenças e equilibrar as condições de funcionamento.
Ressalta desde logo a evidente falta de sinalização, que a partir de qualquer ponto da cidade, permita ao visitante perceber onde pode estacionar e a que distância. A informação sinalizada, sobre a existência de parques de estacionamento e respetiva proximidade, é escassa, vaga, ou mesmo inexistente, dificultando quem conhece mal, ou não conhece a cidade. Uma questão obviamente fácil de resolver, se houvesse vontade política, mas que nunca foi encarada como primordial e é.
Não é possível oferecer o estacionamento gratuito a todos, porque obviamente compete ao utilizador, pagar o espaço de estacionamento que utiliza, mas é possível e seria facilitador, para quem faz compras no comércio tradicional, regulamentar além da 1ª hora que os parques já disponibilizam de forma gratuita, a permissão de uma 2ª hora grátis, para quem fizer compras acima de determinado valor, no comércio tradicional.
Mas ainda em matéria de estacionamento, desde há muito que se fala e foi prometida a instalação de parquímetros, por forma a organizar o estacionamento à superfície, nos reduzidos lugares que sobraram de uma suposta “regeneração urbana”, que após dez milhões de euros gastos, nada resolveu nesta matéria (veja-se o caos que se passa em torno da Praça da Fruta, onde tudo é permitido, sem que se percebam proibições e permissões), muito por se terem recusado propostas da oposição, que resolveriam graves problemas que hoje existem. Os parquímetros garantem a rotatividades dos poucos lugares disponíveis nos centros das cidades, beneficiando o comércio local.
Pensar que todas as outras cidades que têm parquímetros estão erradas e que só nós estamos certos, é um raciocínio de tal forma provinciano e estreito, que levou a que chegássemos ao estado a que chegámos.
A instalação de parquímetros e a rotatividade que daí resulta, tem ainda outras vantagens. Do ponto de vista ambiental, quem usa o automóvel e polui, deve pagar. É uma questão logica. É o automóvel que provoca o maior desgaste e degradação do espaço público e a consequente e inevitável manutenção, como tal, é a quem compete suportar também essa oneração.
Por outro lado, a animação de rua existente, é excessivamente concentrada, nos dias e horas em que ocorre, mas principalmente nos locais, esquecendo-se que o comércio da cidade não se limita a duas ruas, ou a um cruzamento entre elas.
Estamos a falar de estacionamento, sinalética e animação, três fatores que podem fazer muita diferença na dinamização do comércio tradicional. E não estamos a falar de milhões, mas acima de tudo de organização e principalmente vontade.

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Rui Gonçalves
rgarquito@sapo.pt

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