Zé Povinho gostou de ler o resumo da intervenção do senhor secretário de Estado do Desenvolvimento e Coesão, Dr. Nelson de Souza, que agrada certamente aos caldenses ao garantir linhas de financiamento para o principal problema das Caldas da Rainha: as suas termas.
O Dr. Nelson de Souza indicou que haverá financiamentos comunitários para os projectos a apresentar pela Câmara e privados para o Hospital Termal e Pavilhões do Parque, nomeadamente para os projectos de natureza privada, como da possível conversão dos pavilhões do Parque em hotel.
Indicou ainda que as termas caldenses poderão finalmente ser incluídas na estratégia de qualificação das estâncias termais da região Centro (PROVERE), da qual ficaram excluídas no anterior quadro comunitário por estarem na tutela do Estado.
O secretário de Estado parecia um caldense a argumentar na defesa do potencial das suas termas, o que não deixa de surpreender, quando até aqui parecia que as dificuldades não faltavam.
Mas como diz o povo “quando a fartura é muita o pobre desconfia” pelo que Zé Povinho vai estar atento nos próximos meses à forma como foi dada sequência às várias sugestões e conselhos do Dr. Nelson de Souza, lembrando que “se nos corredores do poder se levantarem as dificuldades habituais”, haverá autoridade moral para lhe bater à porta e perguntar-lhe se as suas palavras eram a sério, ou se era só marketing para agradar eleitor…
Uma empresa que tem por missão “assegurar soluções de comunicação e logística, de proximidade e excelência” parece estar nos antípodas deste desígnio no que diz respeito às Caldas da Rainha. Os CTT, que no seu site refere também que a sua missão é “estabelecer relações de confiança”, porta-se como uma empresa opaca, voltada para dentro, desconfiada ou, no mínimo, indiferente aos seus clientes e outros stakeholders.
Vem isto a propósito de um investimento recente que os CTT fizeram nas Caldas destinado supostamente a melhor servir a região. Uma empresa moderna, que respeitasse minimamente a sua missão, comunicaria isto aos seus clientes e forças vivas da região. Mas não só não o fez, como ignora completamente quaisquer tentativas de contacto para esclarecer a que se devem os atrasos na distribuição.
Acresce que este não é o único pecado dos CTT nas Caldas. Na estação local as pessoas e empresas esperam e desesperam para serem atendidas. E a distribuição da correspondência normal já deixou de ser feita diariamente, quebrando uma prática quase secular.
Nisto tudo há política, claro. Não são só actos de gestão. Os CTT eram uma empresa pública que prestava um serviço público universal e que dava lucro, proporcionando bons dividendos ao Estado. Mas este vendeu a empresa e os novos patrões logo trataram de pôr em marcha aquilo que pode aumentar os lucros privados em detrimento do serviço público.
É por isso que Zé Povinho já nem se surpreende com a má (ou inexistente) comunicação da empresa. Ela é consequência desta lógica em que se privilegia o lucro fácil e rápido em vez da prestação de um serviço público (que apesar de tudo também tem um rendimento sustentável) que é mais importante para a vida das pessoas e das empresas.
































