Terminou o tempo das desculpas e dos argumentos “pró” e “contra”, sobre a passagem do património termal para a alçada do Município. Continuar, como alguns teimam fazer, a rebuscar essa discussão, como se não estivesse tudo decidido, é recusar a realidade e furtar-se ao único debate que interessa neste momento, sobre qual o modelo de gestão para aquele imenso e rico património e assim não assumirem responsabilidades futuras.
Era mais que tempo de serem os caldenses a decidir sobre o que fazer daquilo que é vital para a sua cidade. E devia ter sido assim, desde que há cerca de 20 anos, vários e sucessivos governos, sem exceção, deixaram de se interessar pelo património termal. O Estado central, desinvestiu, desprezou, degradou, maltratou e localmente, não houve visão estratégica para perceber e antecipar o que agora veio a acontecer e era inevitável: a cedência ao Município.
O Hospital definitivamente encerrado há mais de dois anos, os Pavilhões em estado de pré ruína, o Parque e a Mata em degradação profunda, dizem tudo sobre quem o devia ter gerido e o desprezou.
Neste processo, não há inocentes.
Finalmente o património termal é dos caldenses.
Centrar o debate na forma de o rentabilizarmos e torna-lo o motor do desenvolvimento socioeconómico da cidade e do concelho, é a grande questão, sem delongas ou tibiezas.
Decidir se queremos um termalismo adaptado aos tempos modernos, como mola impulsionadora e dinamizadora da economia local e regional, ou um termalismo baseado em lógicas subsidiárias e ruinosas para o Município, são as duas opções possíveis. Entre uma e outra, não existem alternativas, o que significa que não há margem para erros.
Há quem defenda, seja por tática política, uns, ou por qualquer ideologia, outros e só à luz dessas motivações se compreende, a inclusão do Ministério da Saúde na gestão do Hospital Termal, em conjunto com o Município. É caso para perguntar, como? Esta é a entidade que ao longo de pelo menos 20 anos, por atos e omissões, mas com intencionalidade, arruinou o património dos caldenses. A que propósito seria agora incluída na gestão daquilo que desprezou e destruiu?
Alguém chegou a defender, ou será que ainda defende? a constituição de uma “fundação”, mais uma, como entidade gestora do Hospital Termal.
Outras vozes defendem uma solução de gestão municipal do Hospital Termal, em parceria com uma IPSS, ou uma entidade “sem fins lucrativos”, que até ao momento não foi encontrada e como tal, será o Município por si, a tomar a responsabilidade de tamanha tarefa.
Todos sabemos, o que são por natureza, este tipo de entidades. Fundações, institutos e organizações sem fins lucrativos, ou ipss(s), gravitam na esfera do Estado ou dos Municípios, dependem de um, do outro, ou dos dois e regem-se por uma lógica segundo a qual, nós gastamos, vós pagais.
Por outro lado, o Município não tem, nem tem que ter, vocação para gerir um Hospital, ou um complexo termal. Não é sua função e como tal, não sabe fazê-lo, nem tem que saber. A menos que de forma ardilosa, se esteja a preparar um lugar, para colocação de alguém previamente definido.
É isto que queremos? Um poço sem fundo, onde o Município tenha que enterrar os milhões que não tem, levando-o à ruína? Esta seria a morte anunciada, de tal forma irresponsável, que nunca ninguém quis saber, quanto custa o Hospital a funcionar? Durante quanto tempo vai ser deficitário? Onde se vão buscar os recursos necessários para o manter? Ninguém sabe, porque a irresponsabilidade fez com que nunca se quisesse saber.
Resta preparar o “ambiente” apelativo, que mostre o enorme potencial que temos, para a criação de um complexo termal vocacionado para a saúde, lazer e bem-estar – turismo e partirmos em busca do parceiro adequado a um investimento desta natureza e dimensão. Temos tudo melhor que os outros, exceto a capacidade de visionarmos e de nos superarmos nos momentos decisivos.
Um feliz Natal e um excelente Ano de 2016.
Rui Gonçalves
rgarquito@sapo.pt
































