“Mais esperança nos meus passos do que tristeza nos meus ombros.”
Cora Coralina
Cerca de 180 pessoas encheram, no passado dia 26, o Pequeno Auditório do CCC para assistir ao debate sobre a necessidade de um novo Hospital para o Oeste. A adesão verificada pode considerar-se muito boa ou apenas razoável?
A Saúde, a Justiça, a Educação são áreas em relação às quais os cidadãos não se devem manter alheados. São assuntos que dizem respeito a todos. Porém, verifica-se frequentemente um alheamento geral de assuntos importantes que são transversais a toda a comunidade.
O alheamento da participação cívica deve-se a quê? Ao desinteresse, puro e simples? Ao comodismo? À sensação de que não vale a pena? À convicção de que as ações cívicas são inconsequentes? À ideia de que os representantes políticos estão lá para tomar decisões por nós? E que basta votarmos em dias de eleições?
Considero que a Democracia assenta na força dos partidos políticos. Com os seus defeitos e virtudes, são a base de toda a organização política da sociedade. São indispensáveis! Mas a participação cívica não se esgota nos partidos políticos.
Na verdade, e não obstante o desinteresse geral, a participação dos cidadãos em decisões de assuntos da comunidade é muito pouco estimulada, para não dizer contrariada, pelas elites governativas nacionais e locais.
A participação cívica deve ser valorizada e apreciada. Por isso, e neste contexto, foi muito relevante a forma civicamente implicada de todos os que marcaram a sua presença no debate da passada quarta-feira.
Os cuidados hospitalares públicos são fundamentais e a nossa região está muito carenciada de equipamentos e estruturas de qualidade.
O Serviço Nacional de Saúde (SNS), que está a fazer agora 40 anos, foi uma conquista importante da nossa Democracia. A Medicina privada pode ter um papel supletivo mas o SNS está sempre presente. Mesmo com a maior difusão da utilização de seguros de saúde, mesmo com vantajosos subsistemas de saúde para alguns sectores e mesmo com instituições de solidariedade social ativas, o SNS é uma rede de sustentação incontornável. Para todos!
Para que se cumpra o desígnio de assegurar bons cuidados de Saúde às populações são necessários: Cuidados de Saúde Pública eficientes, com foco na prevenção das doenças; Cuidados de Saúde Primários acessíveis e próximos, através de bons centros de saúde e unidades de saúde familiar; e Cuidados de Saúde Secundários, correspondendo a cuidados hospitalares de qualidade que garantam equidade no acesso aos cuidados médicos e às tecnologias da saúde. Enquanto os Cuidados Primários têm que privilegiar a proximidade, os cuidados hospitalares devem ser definidos para uma população mais vasta, têm que ter escala para cumprir corretamente a sua missão assistencial.
É, por isso, importante que, num exercício de cidadania pleno, as pessoas se interessem pelo assunto dos cuidados hospitalares e pela necessidade de um novo Hospital para a região Oeste. A mobilização das populações em torno deste desiderato tornará mais célere a solução desejada.
Considero ter sido muito bom o grau de adesão à iniciativa do Conselho da Cidade do passado dia 26.
As conclusões que daí saíram foram muito importantes: um consenso pleno em relação à necessidade de um novo Hospital para a Região; a necessidade de definição do perfil assistencial adequado para 300.000 habitantes; a importância dos estudos técnicos e do envolvimento politico consequente a esses estudos, abrindo espaço para a intervenção articulada da Comunidade Intermunicipal do Oeste e das estruturas do estado central.
António Curado
































