Notas urbanas

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Retomando os pensamentos expressos na minha crónica de dezembro, nomeadamente no que se refere ao Largo Conde de Fontalva, com a presença descolorida da estátua da Rainha Dona Leonor, na qual apontava para a necessidade de conferir dignidade, mesmo considerando a zona envolvente, passaria agora à Praça da República.
Esta praça, também conhecida por Praça da Fruta, já foi a sala de visitas central da cidade e o seu local mais emblemático. Digo já foi porque actualmente não se apresenta como tal. De facto ali ainda pontuam, todos os dias, produtos de muito boa qualidade, do ramo das hortícolas e frutícolas, muito apreciados por clientes locais e não só, com expressão e movimento acentuado na época estival e principalmente aos fins de semana, com dinamismo resiliente.
A duração das obras de requalificação, com especial enfoque na substituição das infraestruturas subterrâneas, bem como o facto de não terem aduzido valor ou novidade, não promoveram o dinamismo e modernização esperada. Atente-se, por exemplo, à situação dos estabelecimentos comerciais sem demanda e variedade ali existentes.
O tabuleiro central sobre-elevado não promove a ocupação por esplanadas ao invés do que se pode observar em outras urbes internacionais e até nacionais. O estacionamento também não contribui e a zona de paragem do “TOMA”, com a sua localização ainda menos.
Estamos numa fase de estudo/apresentação do Plano de Pormenor do Centro Histórico pelo que este assunto deverá merecer a melhor atenção regulamentar por forma a permitir a sua ocupação habitacional.
Regresso à questão das cérceas e do equilíbrio que se exige numa sala de visitas como a vertente. Em altura, sabemos da existência de dois edifícios desadequados, que marcaram uma época e que talvez um dia no futuro, venham a ter solução, no entanto poderei apontar outros nove que merecem elevação do número de pisos com tratamento que a arquitectura actual seguramente saberá resolver. Hoje podem apreciar-se soluções enquadradas e esteticamente aceites por esse país e com excelentes resultados.
Deixo ainda alguns reparos que deveriam merecer a atenção da edilidade, tal como a falta de uma placa indicativa da data em que foi realizada a intervenção com a presente requalificação. Também refiro as duas empenas cegas e inexpressivas existentes no lado nascente, com a precária solução de uma rede verde sobre a esplanada do Posto de Turismo.
Por último, muito embora possa compreender a intenção para a colocação do “quiosque” no topo poente, o mesmo não cumpriu o fim a que se destinava visto que o seu período de funcionamento se cinge, ao do mercado. Assim sendo tornou-se apenas um obstáculo, tal como os famosos bancos que teimam em manter-se, abnegadamente.
A Praça da Fruta merece olhar atento, estudo adequado e fundamentalmente participado.

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