Já a minha Avó me dizia – Abysmo nos arredores de Imaginário

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Este fim de semana tivemos uma notícia triste, do fecho de mais uma livraria em Lisboa. Desta vez, a “Pó dos Livros“. Depois da Lello (aberta desde 1931 na Rua do Carmo em Lisboa, onde passei muitas tardes desde o meu tempo de jovem que frequentava o Liceu Passos Manuel e que vinha a pé até ao Chiado), a Bulhosa, e de muitas outras em Coimbra e Porto.
As livrarias independentes não resistem à voragem dos tempos. Como a minha avó me dizia… o que é bom não dura sempre…
Há alguns anos fazia uma pergunta ao meu filho mais novo, que me respondeu de imediato: “na internet está tudo”.
E é isso mesmo que acontece.
O negócio dos livros, tal como sempre o conhecemos, está a desaparecer. Resistem, por ora, os tubarões – Bertrand, FNAC, Sonae.
Apesar de se continuar a editar em Portugal e do negócio em 2017 ter crescido 3% em relação ao ano anterior, falamos de 147 milhões de euros, as editoras independentes dificilmente resistem.
E hoje está tudo na internet.

O mesmo acontece na edição de jornais.
Recordo que quando visitei a Escócia, quer em Glasgow, quer em Edimburgo, ao fim da tarde, as bancas dos jornais espalhadas pela cidade ofereciam uma bebida, um pacote de bolachas, um bolo, etc, a quem comprasse um jornal…a lógica era simples, quem sai do trabalho e quer comer alguma coisa compra uma bebida ou um bolo e leva um jornal de borla….
Os Escoceses são exímios a inverter a lógica das coisas e a criar mesmo mitos.
Todo o mundo se desloca ao Loch Ness (Lago Ness) nas Terras Altas da Escócia, para visitar um Lago e esperar que lhe apareça o monstro de Loch Ness.
Mas, como nos disse o motorista do autocarro, o mostro desaparece 15 minutos antes de chegarmos e aparece 15 minutos depois de partirmos.
E à volta deste mito se criou um fabuloso merchandise, cafés, restaurantes, excursões.
Mas porquê este título nesta crónica?
Porque a Abysmo editora independente, que ainda vai resistindo contra a lógica dos tempos modernos, decidiu vir fazer um evento literário no fim de semana 13/14/15 de Abril nas Caldas da Rainha e com um pulo a Óbidos.
Mais de quarenta escritores, artistas plásticos, virão às Caldas da Rainha. Haverá três lançamentos de livros: Carlos Querido, Isabel Castanheira, Henrique Fialho. Haverá Feira do Livro na Capela de São Sebastião, exposições, colóquios e conferências. Centro de Artes, Museu António Duarte, Museu José Malhoa, Casa dos Barcos, e muitos mais…
É um pouco como o mito do Lago Ness, o que é preciso é acreditar no Imaginário da Literatura.

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