Eleitores e eleitos

0
487
José Luiz Almeida Silva

Tem sido notícia a crise governamental no Reino Unido devido ao partygate (festas em período de confinamento no gabinete do 1º ministro) e o facto de os deputados que regressam às suas terras no fim de semana, se terem de justificar sobre o tema aos seus eleitores. Esta relação eleitores/eleitos apanágio daquele país resulta, também, do facto das eleições parlamentares serem em círculos uninominais, o que obriga a um estreitamento dos laços e responsabilidades dos eleitos por quem os elege. O sistema parlamentar britânico tem muitos defeitos e virtudes, como todos os outros, mas esta particularidade dá-lhe características simpáticas, para não dizer de outro modo, de uma participação direta dos eleitos na governação do país.
Em Portugal estamos em período eleitoral e iremos eleger, no final da próxima semana, um novo Parlamento, que terá responsabilidades acrescidas, pois vai ter a seu encargo a fiscalização do maior investimento de fundos europeus num curto espaço de tempo desde a nossa adesão, resultante do bazuca pós-pandemia. Era pertinente que os eleitos que saíssem das eleições de 30 de janeiro tivessem uma preocupação acrescida de justificarem os seus atos e a sua participação parlamentar, de forma permanente e transparente, nos próximos quatro anos. Não sei se deviam abrir permanências em cada região de onde são originários e marcarem presenças periódicas, para ouvirem as queixas, sugestões e propostas dos eleitos, para melhor utilizarem o seu espaço de participação nos assuntos da República e da Causa Pública. Sei que alguns o fazem de forma incipiente e pouco efetiva, mas era importante, mesmo sem serem eleitos uninominalmente, fazê-lo de forma efetiva, organizada e permanente. Provavelmente era um incentivo à participação eleitoral dos cidadãos e a uma diminuição da abstenção e do aparente divórcio eleitores/eleitos.

- publicidade -