Afinal o que quer dizer o termo Meritocracia? O termo foi usado pela primeira vez, em 1958, no livro The Rise of Meritocracy, pelo sociólogo e membro do Partido Trabalhista britânico, Michael Young, sendo que nessa época o seu sentido era considerado depreciativo, existindo a perceção que era dada excessiva importância aos testes e métodos quantitativos como forma de avaliar o talento e escolher os próximos líderes, ficando célebre a frase “Cada escolha de um, representa a rejeição de muitos.”
A meritocracia, como o nome indica, traduz-se num sistema de gestão, que considera o mérito como razão principal para se progredir na carreira ou atingir certa posição de topo. Nesses termos, e idealmente, as diferentes posições hierárquicas no seio de uma organização deverão ser conquistadas com base no merecimento demonstrado, durante o desempenho das regulares funções, permitindo um melhor aproveitamento dos talentos inatos.
Paradigma diferente é, o ainda muito enraizado na nossa sociedade, chamado regime das “cunhas”, ou o tão famoso “tacho”. Não necessitamos de esforçar muito a memória para identificarmos inúmeros casos, bastante divulgados pelos meios de comunicação social, que abordam este problema de favorecimento. É comum afirmar-se que Portugal é o reino da “cunha”, do amiguismo, do nepotismo e do clientelismo. Ora, o referido favorecimento, atenta ao regime meritocrático, baseado na verdadeira mais-valia que determinada pessoa possa representar, derivado do seu saber e técnica intrínseca. À contrario, o tão conhecido “tacho”, corrompe o referido sistema, porquanto se baseia no favorecimento gratuito, em muitos casos, de pessoas que não detêm, sequer, estudos ou competência para determinadas funções, e que por um passo de mágica, ou melhor, por terem bons conhecimentos, são contratados para o cargo. Tal paradigma fomenta, em grande escala, que os jovens recém-licenciados, com excelentes capacidades técnicas, não tenham oportunidades e sejam obrigados a emigrar, fugindo para países cujas sociedades são mais meritocráticas. O que se traduz numa menos valia para a economia nacional.
É, portanto, mais que compreensível, e justo, que se o funcionário A abarca maior valor acrescentado para empresa, ao invés do funcionário B, que exerce as mesmas funções, se privilegie o primeiro indivíduo em detrimento do segundo, e este seja apto, inclusivamente, a ser promovido. O critério meritocrático salvaguarda, assim, critérios de justiça equitativa e igualdade ao nível material, ou seja, tratar o igual de forma igual, e o diferente de forma diferente. Tudo com uma única tónica, o sucesso da estrutura organizativa onde se inserem, ou seja, a empresa.
Ora, se colaboradores motivados são sinónimo de empresas de sucesso, com base em critérios meritocráticos o referido paradigma poderá ser facilitado. As organizações cujos colaboradores sentem que o seu trabalho e mérito são reconhecidos destacam-se das restantes. Nesses termos poderemos focar medidas que poderão ser adotadas, tendo sempre em consideração uma avaliação isenta e fundamentada, ou seja, baseada na intrínseca aptidão, nos valores íntimos dos colaboradores e no trabalho objetivamente produzido. Tais medidas poderão passar por aumentos remuneratórios ou a própria promoção para um cargo superior, com as inerentes vantagens, bem como a atribuição de prémios de produtividade, valorizando o especial contributo de determinada pessoa em determinado período, seja por ter atingido objetivos, seja por, efetivamente se ter destacado ao nível do desempenho.
Assim, só poderemos concluir, que premiar e reconhecer o mérito é uma condição “sine qua non” para atingir o sucesso empresarial, pelo que urge valorizar os critérios meritocráticos, afastando o nosso país da prática, e do rótulo, consuetudinário da “cunha”.