A Semana do Zé Povinho 16/09/2016

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Edicao 5139 # 09-09-2016 em bruto_Page_32_Image_0003A afirmação económica dos países já não passa pelas grandes produções de baixo valor, mas antes pela criação de bens materiais e imateriais com médio e alto valor acrescentado, que se diferenciam pela qualidade, criatividade e inovação.
Cada vez mais as economias apostam na promoção e desenvolvimento de clusters, ou seja, de agrupamentos de empresas de sectores similares, que pela sua aglomeração, beneficiem de economias de escala e se apresentem como apostas vencedoras no mercado internacional.
A caldense Cecília Ribeiro, hoje já uma conceituada pequena criadora de produtos de ourivesaria, está baseada na sua cidade natal mas também em Barcelona, onde existe um verdadeiro viveiro de pequenas empresas criativas, potenciando facilmente a sua produção.
A sua ida à Bijhorca, feira internacional de ourivesaria e bijutaria, que regularmente se realiza em Paris e que é também uma das mais importantes montras da moda e da criatividade global, mostra a sua percepção do que as tendências do mercado lhe impõem cada vez mais.
A criativa Cecília Ribeiro percebeu igualmente que se lhe exigia criar uma marca própria para se diferenciar no mercado internacional e para criar um mercado onde possa distinguir-se de todos os outros criadores.
Zé Povinho felicita Cecília de Sousa pelo seu trabalho e pelo êxito obtido em Paris e realça para todos aqueles que poderão querer percorrer caminhos idênticos, que terão também de ousar em chegar às grandes plataformas onde se encontram produtores, criadores e compradores, de forma a que Portugal dentro de alguns anos seja mais competitivo com produtos de certa forma especiais para clientes exigentes e com maior poder de compra.

Edicao 5139 # 09-09-2016 em bruto_Page_32_Image_0002Zé Povinho, se quisesse procurar no mundo, no momento presente, situações caricatas jogadas por “gente importante” económica e politicamente,  não teria dificuldade em encontrá-los. Mesmo no mercado doméstico os exemplos são variados, constantes e que se repetem, que dariam ao seu criador – Bordalo Pinheiro – temas deliciosos que o público muito apreciaria.
Daí que um facto conhecido na passada semana, e que teve como palco o Palácio de Belém nos últimos seis anos do mandato do professor Cavaco e Silva, possa servir de mais um exemplo trágico-cómico da mediocridade nacional.
Tudo começou com uma notícia soprada pelo Público nas vésperas do final do primeiro governo de José Sócrates, em que uma fonte anónima sugeria que o Palácio de Belém estaria a ser alvo de escutas e de espionagem pelo Palácio de S. Bento. O assunto nunca teve confirmação oficial, mas ficou a suspeita. Algum tempo depois, por fuga de informação, o DN viria a publicar o foco da notícia e a origem do mesmo: o então assessor de Cavaco e Silva para a Comunicação Social, Dr. Fernando Lima. Gerou-se um sururu mediático, invocando cada parte os pergaminhos deontológicos.
Seis anos depois, o dito assessor, a seguir a essa crise transformado em funcionário de Belém sem missão atribuída, veio reconhecer a veracidade dos acontecimentos ocorridos, insinuando a eventual responsabilidade do ex-Presidente da República nos mesmos e tentando dar verosimilhança a toda a história.
Mais, numa cena inesperada e muito ingrata para quem lhe deu albergue durante muito tempo, vem queixar-se que Cavaco e Silva (ou o seu séquito) o colocou num sótão onde ele permaneceu perdido seis anos, tendo sido reconduzido no final do primeiro mandato, onde fazia papéis para nada. E isto tudo à conta do erário público.
Quem leu o livro faz ressaltar que este ilustra a paranóia vivida pelo assessor a que não deve ser alheia o ambiente que se viveu durante tantos anos em Belém.
Finalmente o Dr. Fernando Lima queixa-se que seria substituído no seu lugar de assessoria para a comunicação social “por uma jovem que fizera carreira na JSD” e que é uma caldense. Diz que sendo “simpática, mas inofensiva e pouco experiente, era da confiança da família Cavaco Silva”, o que mostra que nunca perdoou ao seu chefe a substituição.
Que mais Zé Povinho deve acrescentar? Acha que nada. A história e o ridículo vivem por si. Portugal também é feito destas coisas.

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