Quero dizer-lhe que foi profundamente chocante aquilo que disse dos países que estiveram sob resgate. E gostaríamos que pedisse desculpas perante os ministros e a imprensa.” Foi com estas palavras, preto no branco, olhos nos olhos, que o secretário de Estado das Finanças português, Mourinho Félix, se dirigiu ao holandês de nome impronunciável que se dirigiu de forma malcriada, xenófoba e sexista aos países do sul da Europa.
Fosse isto no governo anterior e o secretário de Estado das Finanças ter-se-ia desfeito em vénias ao Sr. Jeroen Dijsselbloem e às tantas até era capaz de aumentar os impostos sobre o vinho só para agradar ao presidente do Eurogrupo.
Zé Povinho não esquece que durante os tempos difíceis da troika, os governantes portugueses usaram e abusaram da narrativa de que era necessário punir quem vivia acima das suas possibilidades.
Agora os tempos nem por isso são menos difíceis do que no tempo da troika, mas o ambiente é mais respirável. Basta ter um secretário de Estado português a enfrentar o ministro das Finanças holandês para que Zé Povinho já sinta a alma lavada.
Zé Povinho tem um recalcamento passado da acusação de que vivia acima das suas possibilidades, como era voz comum entre as entidades que lideraram a intervenção em Portugal na sequência da vinda da troika.
E esta argumentação repete-se a propósito de tudo e em todas as oportunidades. A última versão, respeita à imposição de fechar no país várias dezenas de agências da Caixa Geral de Depósitos, face às imparidades que esta acumulou.
A região do Oeste não foi muito penalizada neste castigo, cabendo apenas à Atouguia da Baleia, no concelho de Peniche, a decisão de encerramento da agência que ali funciona há inúmeros anos.
A população reagiu e a autarquia de Peniche não perdoou, ameaçando retirar das suas contas na CGD , cujos depósitos que ali tem atingem mais de um milhão de euros.
Os erros acumulados pelo banco de capitais públicos ao longo dos anos, resultantes de empréstimos feitos de favor a clientes que se vieram a tornar devedores insolúveis, bem como a proliferação de agências e instalações em muitas localidades (como chegou a ser o caso das Caldas da Rainha), vão agora penalizar as pequenas comunidades que vêem sair tudo o que representa organizações nacionais e públicas. Em consequência, depois de saírem estas entidades, saem as populações, para depois tudo se concentrar nos grande meios populacionais.
É difícil entender tal estratégia em que se poupam uns cêntimos para obviar os custos dos chorudos empréstimos para investimentos sem alcance. Faz mal a CGD que é ainda um dos bancos nacionais em quem o povo confia.
































