Já é oficial. Caldas da Rainha vai ter dois deputados na Assembleia da República – o Dr. Hugo Oliveira (PSD) e a Dra. Sara Velez (PS). Um mini bloco central caldense na Casa da Democracia. Serão dois em 230 deputados, mas fará com que Caldas da Rainha tenha quase 1% de representação em tão ilustre instituição.
Os dois deputados são chamados a representar quem os elegeu num contexto em que o Parlamento voltou a estar no centro da política e até da governação – a actividade legislativa terá de ser feita com muitos consensos porque o governo actual não tem maioria absoluta nem dispõe de nenhuma coligação ou acordo político que o suporte.
O trabalho dos deputados durante o próximo mandato avizinha-se, assim, bastante intenso e conturbado porque a maioria das medidas governamentais vão ser amplamente discutidas nos corredores e hemiciclo de São Bento.
Fazer política é coisa que não deverá ser difícil para estes dois deputados que desde sempre estiveram ligados ao aparelho dos seus partidos. Mas Zé Povinho, que já viu muita coisa no mundo, sabe que a Assembleia da República é aquele lugar onde, quem quiser, pode não fazer nada (e há alguns que não fazem nada), mas, quando se quer, é um sítio onde se trabalha imenso. Há deputados que fazem um trabalho suado e discreto nas comissões parlamentares, que se preocupam em conhecer os dossiers e em debatê-los, que procuram arranjar consensos a bem dos portugueses que representam, que levam a sério o mandato e que se batem por causas e ideias daquilo que consideram o melhor para o país. Nem todos têm de ser bons tribunos a fazer discursos inflamados no hemiciclo. Nem todos são corruptos ou têm relações manhosas com lobbys e grupos de interesse.
O Dr. Hugo Oliveira e a Dra. Sara Velez saberão, certamente, encontrar o seu lugar no Parlamento. Zé Povinho espera que seja o lugar certo. E apela a que ambos não se esqueçam das suas origens e saibam defender os interesses das Caldas da Rainha e da região Oeste.
Houve uns senhores na Catalunha que infringiram as leis do Reino de Espanha, foram detidos, julgados em tribunal e condenados a penas de prisão. A justiça funcionou, os governos não interferiram e o legado da separação de poderes de Montesquieu foi respeitado na democrática Espanha do séc. XXI.
Certo?
Errado.
Questões complexas não têm soluções simples, apesar de, nos últimos tempos, alguns pobres de espírito terem sido eleitos nalgumas partes do mundo por oferecerem às populações receitas fáceis para problemas que são muito complicados.
Zé Povinho não concorda em absoluto com as pesadas penas de prisão aplicadas a políticos catalães que lideraram a realização de um referendo na Catalunha, mesmo que este tenha sido feito à revelia da Constituição espanhola. Os agora condenados pela justiça do país vizinho não são criminosos. São presos políticos. Estão privados de liberdade por terem tentado – por uma via pacífica – que o seu território seja independente.
Não importa aqui a discussão dessa legitimidade nem se faz sentido, na Europa da União Europeia, defender nacionalismos e criar mais países. Esse é outro debate. O que está em causa é a Espanha democrática de hoje, que soube efectuar uma transição pacífica do franquismo para a Democracia, manter encarceradas pessoas por crimes de opinião e por alegados delitos ligados à realização de umas eleições (o referendo).
Tanto Rajoy como Pedro Sanchez estiveram mal neste processo. Um mais activo do que o outro, ambos permitiram judicializar uma questão que é política e que deve ser resolvida nessa esfera e não através dos tribunais e de pessoas atrás das grades.
Zé Povinho, que não se pronuncia sobre o independentismo catalão, lamenta que o país vizinho, que tanto aprecia, deixe descambar a questão catalã para um caminho de difícil retorno à democracia e ao bom senso.


































