Raul Proença: O agrupamento que quer estar aberto para o mundo

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O agrupamento, composto por 11 escolas e cerca de 2700 alunos, descende da secção liceal criada no início da década de 70 nos Pavilhões do Parque

Em inícios da década de 1970 é criada a Secção liceal do Liceu Nacional de Leiria, que funcionaria nos Pavilhões do Parque até 1982. A edição da Gazeta das Caldas de 9 de outubro de 1971 dá conta da inauguração da secção liceal, com a presença das entidades oficiais mas com uma fraca adesão por parte da população na cerimónia.
“A população não compareceu, não ligou, pura e simplesmente à abertura de um estabelecimento que poderá dar (e dará) aos seus filhos aquilo que os seus filhos necessitam para se fazerem homens: a educação”, refere o semanário naquela edição.
Já o presidente da Câmara das Caldas da Rainha, Paiva e Sousa, reconhecia que “foi uma luta sem tréguas arrastada há longos anos com o Ministério da Educação Nacional”, referira ao jornal que acompanhou as várias diligências que foram feitas para a criação desta secção liceal. Na mesma notícia é referida a surpresa com a obra feita nos Pavilhões do Parque com “características modernas e aspeto funcional”.
Começou com a abertura de cinco turmas do 3º ano dos liceus e, progressivamente, foram abertas outras dos restantes anos de escolaridade, sendo que inicialmente era composta sobretudo por alunos que transitaram do Colégio Ramalho Ortigão, que até então era o único estabelecimento de ensino, de carácter privado, que possibilitava a frequência do ensino liceal na cidade.
Esta secção autonomiza-se em relação ao Liceu de Leiria em 1975 e assume a designação de Escola Secundária das Caldas da Rainha, tendo como primeiro presidente do Conselho Diretivo, José Luís Lalanda Ribeiro, caldense que foi, aliás, o primeiro professor a ser colocado na secção liceal, no início da década de 70.
Em agosto de 1982 a escola transfere-se para as atuais instalações, no Bairro dos Arneiros e, a 10 de maio 1984, passa a ser denominada de Escola Secundária de Raul Proença, correspondendo ao desejo do seu corpo docente e da autarquia junto do Ministério da Educação. A data assinala também o primeiro centenário do nascimento do seu patrono, o caldense Raul Proença, com reconhecida intervenção nas vertentes política, filosófica, literária e do pensamento pedagógico.
No âmbito da reorganização da rede escolar pública, por despacho do Secretário de Estado da Administração Escolar, a 28 de junho de 2012, foi criado o Agrupamento de Escolas Raul Proença, de carácter vertical, agregando estabelecimentos de ensino, do pré-escolar ao 12.º ano. Ao todo são 11 as escolas, localizadas entre a Foz do Arelho, Nadadouro e S. Cristóvão, passando pela cidade, que compõem este agrupamento.
O sucesso escolar os seus alunos tem sido espelhado pelos rankings das escolas relativo aos resultados dos exames nacionais do ensino secundário, tendo no ano letivo de 2013 – 2014, ascendido à posição de melhor escola pública. Em 2017, em resultado do processo de avaliação externa efetuado por uma equipa da Inspeção-Geral da Educação e Ciência, obteve a menção de Excelente em todos os parâmetros avaliados: Resultados Escolares, Prestação do Serviço Educativo e Liderança e Gestão.
Esta escola foi distinguida em 2014 pela Câmara Municipal das Caldas com a atribuição da medalha de mérito educativo e de honra, em 2022, ano em que assinala os 50 anos do Liceu, 40 da Escola Secundária de Raul Proença e 10 do Agrupamento de Escolas Raul Proença.
Atualmente o agrupamento, composto por 11 escolas, tem cerca de 2700 alunos distribuídos por 119 turmas. Conta ainda com cerca de 260 professores, uma centena de assistentes operacionais, 13 elementos na secretaria e 3 psicólogos. O diretor do agrupamento, João Silva, destaca o e esforço que o agrupamento de escolas tem feito para se abrir ao exterior, para estar mais ligado à cidade, à região e ao mundo, pelas atividades que têm dinamizado. Já este ano organizaram a final das Olimpíadas da Matemática, a final nacional do Cantar em Alemão, uma exposição que está patente na biblioteca municipal, um Happening na cidade e cidade estão a preparar, para o próximo dia 4 de junho, uma sessão solene no CCC, que contará com a participação de antigos alunos, professores, dirigentes e funcionários, onde irão abordar a importância da escola e como esta os influenciou na sua vida e escolhas profissionais.
Atualmente está uma professora em Itália, mas nas últimas semanas mais de uma dezena de docentes estiveram em mobilidade no estrangeiro, assim como 20 alunos, porque “achamos que o agrupamento tem de estar aberto ao mundo”, salientou o responsável. O contato com outras escolas e alunos tem sido também estabelecido em projetos como o eTwinning, através da internet e no qual já ganharam vários prémios. “É esta abertura da escola a ser mais do que o simples ensinar de conteúdos, são todas estas competências que hoje em dia um agrupamento tem de dar aos seus alunos”, salienta o diretor, dando conta da envolvência em concursos, apresentações ou espetáculos.
Para além da componente do ensino e formação de excelência, há a componente física e a necessidade de instalações condizentes, sobretudo na Escola Secundária Raul Proença, cujo projeto de reabilitação está a ser feito em conjunto com a autarquia.
A futura escola deverá ser mais moderna, mais confortável termicamente, e com espaços para os alunos desenvolverem os seus projetos.
“A escola tem sido melhorada, pintada, mas ao fim de 40 anos precisa de uma intervenção de vulto ao nível da eficiência energética e do conforto que uma escola do século XXI deve de ter”, salienta João Silva, dando nota também da necessidade de melhoramento dos laboratórios de informática, ciências, física, química e multimédia, “porque os trabalhos que os alunos fazem são multidisciplinares” e, nos tempos que correm, é “preciso ter estes equipamentos na escola” onde estudam e trabalham os jovens.
O dirigente realça que faz parte de uma equipa de direção muito vasta, que trabalha em conjunto, e vê nela o acreditar no que fazem e nos desafios que a escola lhes lança.
“O Happening que tivemos a 14 de maio é a prova de como as pessoas estão comprometidas com o agrupamento e com a escola”, salientou o responsável que acredita que o futuro está assegurado porque docentes e alunos estão felizes. “Muito nos orgulha que quando contactamos as pessoas, demonstrem o que sentem por terem sido alunos da Raul Proença. É isso que nos faz acreditar que estamos a fazer o trabalho certo”, concluiu João Silva.

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