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No Concelho das Caldas surgiram e actuaram muitos ranchos folclóricos e etnográficos, alguns deixaram-se extinguir, mas muitos foram reactivados e estão vivos e a produzir cultura popular, trazendo até nós hábitos e costumes do nosso passado.
A Gazeta das Caldas, recentemente, tem vindo a trazer à luz do dia alguns desses ranchos, que vão subsistindo, graças ao mérito de alguns populares das nossas bairristas aldeias. É um trabalho de grande mérito! Bem Hajam! Assim, na sua página cultural do passado dias 06.10.2017, coube a vez ao Rancho “Danças do Amoia”, de A-dos-Francos, onde se refere que é o Rancho mais antigo do Concelho e faz 39 anos em Novembro, tendo sido fundado para participar nas festas de Carnaval das Caldas em 1980.
Em matéria de antiguidades, tenho uma palavrinha a dizer, se tal me for permitido e considerado de algum valor jornalístico.
Em 1952 (há 65 anos), funcionou o primeiro rancho da Ramalhosa, com o objectivo de granjear fundos para a construção do salão paroquial de Alvorninha. A sua sede era ao ar livre, no largo da velha escola primária de 1940 e os ensaios decorriam na estrada, em frente da referida velha escola. Com 13 anos, assisti a todos os ensaios, que tinham lugar aos domingos à tarde, pelo que a aldeia em peso deslocava-se para assistir.
Sete anos mais tarde, 1959 (há 58 anos), foi reactivado também com o objectivo de arranjar fundos para as obras paroquiais, mas desta vez a coisa já fiou mais fino e tivemos a concorrência do rancho de Alvorninha, organizado e ensaiado pelo então Padre José Querido. Houve desfile na sede da freguesia, nas festas do Senhor da Misericórdia e apurou-se que o rancho da Ramalhosa foi o mais bem classificado.
Tive a oportunidade de participar nele e ainda hoje sei e recordo os nomes de todos os elementos participativos. A maioria dos quais já nos deixou…
Ao referir os ranchos de 1952 e 1959 é justíssima uma palavra de referência e agradecimento ao que foi o grande “pai” do rancho folclórico da Ramalhosa: o José Funcheira (o Diabo), do Casal do Rodo.
Cerca do ano de 1995, iniciou-se o movimento de reactivação dos velhos ranchos, para o que foram aproveitadas as ruinas da velha escola primária de 1940, graças à acção e trabalhos de Manuel Fialho (o manecas), Eurico dos Santos e António Daniel (o galo).
Pensamos que a cultura popular do concelho das Caldas muito deve aos trabalhos dos ranchos folclóricos e etnográficos das nossas aldeias e estão a merecer que se desenvolvesse um trabalho específico, visando historiar e publicar as suas origens e acções desenvolvidas no passado e ainda em curso.
João Daniel dos Santos
