Há 30 anos, as autarquias tinham como foco principal, a satisfação de necessidades básicas das populações, como a criação de infraestruturas na altura ainda inexistentes. O abastecimento de água e o saneamento, são apenas exemplos. Foram também construídas outro tipo de infraestruturas na área da cultura e do desporto, muitas delas hoje abandonadas, por desnecessárias, mas foi uma “moda” que imperou, como forma também, de angariar votos.
As festas e afins, umas por tradição, outras com fins puramente eleitoralistas, foram outra criação, que infelizmente perdura.
Hoje a realidade é outra e o foco das autarquias deve centrar-se no desenvolvimento económico. Mas muitos, talvez a maioria dos autarcas, continuam parados no tempo, sem perceber a realidade que nos separa de há 30 ou 40 anos.
E esta é a razão pela qual, muitas autarquias atingiram o estado de falência que conhecemos, sendo obrigadas a recorrer a artifícios criados pelo estado central e outras autarquias, como o caso de Caldas da Rainha, gozando de uma ainda aparente saúde financeira, continuam sem perceber a tal mudança de paradigma e o modelo de gestão autárquica que urge implementar.
Os recursos financeiros são cada vez mais limitados, as receitas diminuem, mas as despesas de funcionamento aumentam.
Importa ainda perceber que as “heranças” não são um bem para a vida e que é necessário implementar políticas que substituam o tal decréscimo de receitas. Aumentar o quadro de pessoal em cerca de 40 funcionários, o que significa cerca de 15%, é apenas um exemplo de como se aumenta a despesa, sem que se vislumbre qualquer forma de aumento de receita que lhe dê cobertura.
E é evidente, que se a receita diminui e as despesas aumentam, os recursos remanescentes para o investimento, são cada vez menores e mesmo escassos.
Urge perceber que o tempo das infraestruturas básicas, deu lugar ao tempo do desenvolvimento. As coisas mudam.
Não existe outra fórmula de desenvolvimento económico de um território, que não seja o investimento privado / reprodutivo, como meio de criação de postos de trabalho e gerador de riqueza. É essa riqueza que está na base do desenvolvimento social por todos ansiado.
Por cá, não conseguimos tão pouco, transformar uma espécie de “zona industrial” ruinosa, com edifícios abandonados e urbanisticamente arcaica, em “Parque Empresarial” moderno e apelativo, como forma de atração de investidores.
Com esta paragem no tempo, teve a autarquia caldense que aprovar recentemente um empréstimo bancário de dois milhões de euros, com o pretexto de servirem para asfaltamentos de ruas e estradas, como se a manutenção de vias de comunicação, não fosse uma despesa corrente.
A realidade é que o Município necessita dessa verba para produzir o “orçamento” para 2017, porque as receitas não são suficientes.
Enquanto isto, Caldas da Rainha mantem a tal fórmula política de há 30 / 40 anos, a autarquia continua a subsidiar e organizar festas e espetáculos com intuitos estritamente eleitoralistas, que não desenvolvem coisa nenhuma, distorcendo prioridades, que nada têm a ver com o futuro e com as verdadeiras atribuições que cada vez mais competem aos municípios, rumo à sustentabilidade económica e social.
Ainda se pode fazer de conta que tudo está bem.
O investimento, criador de emprego e gerador de riqueza, é a única fórmula de fixação de pessoas.
Por não concordar com este tipo de gestão autárquica, ultrapassada e meramente eleitoralista e na qualidade de vereador na reunião em que foi proposto e aprovado o referido empréstimo de dois milhões de euros, votei obviamente contra, porque estou em total desacordo com este tipo de opções patéticas.
A acompanhar os tempos, também as mentalidades precisam de evoluir.
































