Para o desenvolvimento do país nos últimos 40 anos, teve influência direta a construção de acessibilidades, que aproximaram os núcleos urbanos e as populações. A determinada altura, tornou-se de tal forma uma “moda” a construção deste tipo de infraestruturas, que se cometeram exageros e hoje, como é público, temos autoestradas sem utilidade (mas cuja construção tiveram como sabemos outra finalidade), onde não passam carros e que diariamente dão prejuízos de milhões. Mas ao invés, temos situações de evidente carência, porque ao longo desses mais de 40 anos, não houve visão nem vontade política, para perceber a importância destas vias de comunicação, para o desenvolvimento dos territórios.
No concelho de Caldas da Rainha, nos tais 40 anos, pelo menos, foi construída apenas uma única via, que liga a sede do concelho ao litoral. Estamos a falar da eternamente denominada “estrada da Foz nova”, que liga a zona industrial à Foz do Arelho. A importância dessa estrada é de tal forma, que hoje ninguém se imaginaria sem ela. E diga-se em abono da verdade, que na altura só foi construída por muita pressão popular e dos graves acidentes que ceifaram muitas vidas na estrada antiga. Foi fundamental para a aproximação da cidade ao litoral e consequente desenvolvimento. A sua construção pecou por tardia.
De resto, a rede de estradas no concelho, é exatamente a mesma de há 40 anos. Estamos a falar de novas vias, que aproximem os núcleos urbanos e principalmente a sede do concelho ao interior, em tempo e com segurança. Mas faltou sempre visão para perceber a importância deste investimento e vontade política para o concretizar, porque ninguém percebeu nem percebe, que este sim, é um investimento elementar para o repovoamento das áreas interiores. Esta, é uma forma de combater a desertificação.
Desde há muitos anos, que as populações da zona nascente do concelho, principalmente das freguesias do Carvalhal Benfeito e Sta. Catarina, mas também de Salir de Matos, andam a ser iludidas. Esta estrada sempre prometida, faz de conta que é esquecida, porque na verdade não há intenção de a construir.
Não é necessário percorrê-la todos os dias, como aqueles que residem nessas freguesias, para perceber o sacrifício e o perigo que representa a atual e antiquíssima estrada, com um traçado sinuoso, estreito, perigoso e obviamente lento.
Mas também do ponto de vista do desenvolvimento económico, fator fundamental nos nossos dias, esta infraestrutura é elementar, por exemplo para a indústria das cutelarias, importante para aquela zona do concelho, que cria já mais de mil postos de trabalho diretos, como para outros possíveis investimentos naqueles territórios, assim pouco apelativos.
Mas em termos de economia, a importância de uma estrada que ligue Caldas da Rainha à Benedita, não se fica pelas cutelarias ou pela indústria. A população daquela vila, tem uma apetência especial para tratar dos seus assuntos e fazer as suas compras em Caldas da Rainha e essa apetência natural, teria um incentivo decisivo com a construção de uma estrada moderna, apelativa, segura e obviamente também mais cómoda e rápida. Tinha tudo a ganhar o comércio caldense. Mas quando não se percebem as coisas, ninguém ganha, e todos perdem.
Perdem as populações, perdem os industriais e perde o comércio.
Esta, além de uma questão de falta de visão estratégica e vontade política, também é uma questão de números, evidentemente que sim, é que o número de eleitores prejudicados não é, para quem decide, suficientemente apelativo para justificar um investimento nesta via estratégica para o concelho.
Voltamos sempre a esta retrógrada forma de fazer política, que prejudica direta a objetivamente o desenvolvimento do concelho e as populações.
































