Há questões de pormenor que fazem toda a diferença. É assim em todas as dimensões das nossas vidas e é também na vida das cidades. Tanto mais quando nos propomos reconstruir uma “cidade termal” e é bom que nos vamos habituando a esta terminologia, porque não existe termalismo com sucesso, que viva isolado da sua envolvente.
Não existe “cidade termal” sem uma paisagem urbana e um ambiente urbano, em consonância.
Se estamos numa terra de “águas”, faz sentido que ao longo dos tempos se tenham implantado pela cidade, “pontos” de água, que contribuem para um ambiente urbano harmonioso e atrativo. Foi assim com chafarizes, fontanários, lagos e é assim com repuxos, rotundas e espelhos de água e também foi assim no passado, como na atualidade. Quem os pensou e implantou, tinha razão e estava certo. O problema é que esses equipamentos, só contribuem para uma paisagem urbana harmoniosa, se estiverem a funcionar em permanência. Se não funcionam, era melhor que lá não estivessem, porque a imagem que dão é a do desmazelo e da incúria. A Gazeta das Caldas tratou deste tema na passada semana, mas existem muitos mais exemplos pela cidade, que há muito foram abandonados. Porque isto é importante, têm sido várias as intervenções em reuniões de Câmara, em que tenho questionado a razão pela qual, praticamente nada funciona e as justificações são para todos os gostos. Mas numa fórmula resumida, diria que é assim, porque é mesmo assim e pronto.
Mas nem só de água se constrói o ambiente urbano. A limpeza e manutenção dos equipamentos, do mobiliário urbano e do espaço público em geral, que não existe. Os canteiros, rotundas e separadores que são ervados e era suposto serem relvados. Os passeios que por todo o lado, não são reparados de imediato quando se degradam e em alguns sítios nem existem. As ervas que crescem por tudo quanto é sítio. Os candeeiros que não são reparados. A sujidade que se acumula em torno dos contentores de lixo, por falta de limpeza e lavagem permanente. Os dejetos de animais que conspurcam passeios e canteiros. A afixação de cartazes e todo o tipo de vandalismo, que destrói armários de equipamentos. Enfim, este estado de coisas, jamais será compatível com o ambiente urbano que se exige na construção da tal “cidade termal”, que não pode continuar a ser uma miragem, que se arrasta “ad eternum”, porque em nada contribui para a qualidade de vida dos cidadãos que a habitam, muito menos para atrair aqueles que nos visitam, ou da importância que a tal paisagem urbana qualificada, tem para o próprio comércio que é também ele, uma imagem de marca da cidade.
E isto custa milhões? Não. Milhões, custou a construção do espaço público, que depois não tem manutenção, apenas por profundo desleixo, desmazelo, incúria. E é este estado de coisas que importa resolver de uma vez por todas.
A limpeza e a manutenção, seja em que dimensão for, não é ocasional, é um ato permanente e contínuo à degradação. Faz-se todos os dias, a todas as horas. Mais, é também uma atitude e uma cultura, que importa incentivar e o exemplo tem que vir de quem tem a função e obrigação de limpar e manter.
É um imperativo, criar regulamentos e respetivas coimas, para quem teima em vandalizar equipamentos, mobiliário urbano e o espaço público em geral.
É necessário aplicar a lei em toda a plenitude, sobre quem sistematicamente insiste em “graffitar”, destruindo aquilo que é de todos e a todos custou a construir.
Podemos organizar todos os concertos que quisermos, podemos inventar todos os eventos que nos ocorrer, mas se daí não reduzirmos algum investimento, este sim, verdadeiro investimento, para permanente limpeza e manutenção da cidade, de nada nos serve um rol de intenções que não nos levam a lado nenhum.
Por um ambiente urbano sadio e atrativo, de uma vez por todas, rumo à “cidade termal”.
Rui Gonçalves
rgarquito@sapo.pt

































