Congratulo-me pelo facto de finalmente se vislumbrar uma oportunidade de solução para os “Pavilhões” do Parque, esse elemento arquitetónico único, mesmo com apenas um concorrente ao concurso para a sua concessão, sendo proposta a instalação de uma unidade hoteleira, neste caso de 5*****, solução que defendo desde há muito e creio convictamente ser a melhor, como forma de satisfazer um mercado turístico de patamar superior, por um lado e por outro, por se constituir como uma âncora de atração à cidade, pelo conceito diferenciador que está subjacente à proposta, conceptualmente alicerçada em dois dos principais recursos deste território, concretamente o termalismo, claro e a cerâmica, temáticas que estão na génese identitária da cidade e do concelho.
Dos elementos constituintes da proposta do concorrente, entre outros, é apresentado o “estudo prévio” (coisa diferente de um projecto), que não sendo nesta fase elemento de avaliação a concurso, a sua apreciação e discussão será feita quando forem apresentados os projetos, importa tecer algumas considerações, porque esse “estudo prévio” manifesta intenções indicativas de alguma insensibilidade (?) ou desconhecimento (?), sobre uma realidade histórica, física, sensorial e por que não dizê-lo até emocional, que é intrínseca ao edificado preexistente e que de forma alguma é possível ignorar ou desvirtuar.
O volume de ligação entre os Pavilhões e o edifício do Céu de Vidro, previsto aliás no caderno de encargos, visível nas imagens em 3D, já apresentadas na Gazeta das Caldas, é claramente desproporcionado e como tal despropositado, em volume, em material e consequentemente em impacto visual. Vai muito para além de um mero elemento de ligação, competindo pela negativa, com os edifícios que interliga. A solução deve e pode, ser minimalista, reduzindo o impacto visual, limitando-se a cumprir a sua função de passagem / ligação, constituindo-se, inclusive para quem o atravessa, como ponto e momento de “respiração” visual, tanto para o Parque como para o largo do Hospital Termal. Do ponto de vista material, é evidente que o “vidro” cumpre estes propósitos.
Relativamente a outra opção apresentada no “estudo prévio”, nomeadamente a construção de um novo volume, a dar continuidade ao edifício do Céu de Vidro, para o lado do Parque, fazendo o alinhamento com as fachadas dos Pavilhões, também patente nas imagens 3D, apresentadas na Gazeta, considero inaceitável, seja do ponto de vista da legalidade, mas ainda porque em nenhum ponto do caderno de encargos se prevê aquela possibilidade. Aliás, o único momento que se refere a questões construtivas, é claro, quando no ponto 7, clausula 1ª do capítulo I, se diz que “O projeto pode incluir, ainda, uma ligação entre os edifícios e a possibilidade de aproveitamento do subsolo do logradouro para efeitos de estacionamento, arrumos e áreas técnicas, desde que devidamente autorizado pelas entidades competentes”, ou seja, se está previsto o que eventualmente se pode fazer, fica claro também, o que não se pode fazer.
Mas as questões, quanto a mim, não menos importantes, no que respeita a este hipotético edifício de dois pisos proposto, tem que ver ainda com outra questão de dimensão conceptual. Importa perceber a razão de ser do “Céu de Vidro”, que não aparece naquele local por mero acaso, mas porque quem o pensou, percebeu a importância do estabelecimento de um eixo visual e claramente sensorial, entre o Parque e o edifício e Largo do Hospital Termal e vice-versa. Tapar e impedir esse eixo visual, significa não o perceber e desvirtuar a sua função, reduzindo-o a um simples “lanternim” e desclassificar aquele elemento, não deve ser permitido, porque muda tudo e fazer um bom projecto, não significa mudar tudo.

































