Professores que nos marcam

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Já que estamos no final do ano letivo, venho falar-vos de um dos professores que mais me marcou. Pela ousadia, capacidade de explicar como ninguém termos técnicos e perturbações difíceis.
Este Homem incutiu em mim a visão que sempre achei fundamental em Psicologia e no Ensino. Instruir, fomentar a crítica, explicar conceitos de forma simples, sem que tenhamos de parecer doutores ou distantes, sem chavões. E do outro lado, acreditar que existe sempre um ser humano capaz de ser lapidado, se acreditarmos muito nele.
Tornar alguém somente dependente de nós, esponjas da teoria, sem nunca a colocar em causa, não é positivo para nenhuma das partes. Há que fomentar a autonomia e o sentido crítico. A grande maioria das crianças apresenta falta de maturidade e penso que o nosso ambiente não é facilitador dessa autonomia, da coragem, do ser diferente, do facilitar a audácia.

Este professor fez do Amor o seu Deus e explicava a Depressão como ninguém

Somos um povo de saudade, ligados sempre às pessoas, aos locais, aos cheiros. Esquecemo-nos que o que nos deve entusiasmar é aquilo que não sabemos. Não devíamos perder tanto a essência da fase dos porquês, da adolescência ou da visão dos cientistas que colocam questões e têm poucas respostas. Ficamos e acreditamos sempre, que algo virá para nos salvar (a Virgem, milagres, Estado ou os Pais) e nunca o nosso esforço, trabalho ou intenção. Porque somos educados a ser acomodados, obedientes e a não interferir. Esquecemo-nos que o cérebro é o pior dos músculos, quando não o mantemos ativo e atualizado, fácil e rapidamente atrofia. Crianças felizes, são crianças ousadas e livremente sonhadoras, que só aprendem a dar amor, recebendo-o.
Foi com ele que melhor percebi o papão da palavra Morte. Sendo a nossa finitude algo certo, a consciência de que todos nós temos um prazo só é ultrapassável se deixarmos de ter medo de morrer porque realizámos alguma coisa ou transmitimos algo que perdura para além da nossa existência. Não nos podemos limitar a sobreviver, a sentir que a realização vem dos filhos e dos seus percursos. O amor parental deve ser saudável, incondicional e não ficar à espera da retribuição. Até na lei só há pouco tempo mudámos a designação de poder paternal para responsabilidade paternal.
Este professor fez do Amor o seu Deus e explicava a Depressão como ninguém. Mostrando que a vida nunca acaba no aqui. Há sempre futuro. E esta esperança no futuro, onde seguramente lá à frente vão acontecer coisas melhores. Quando nos despedimos de alguém não estamos preocupados se nos vão trair ou abandonar, a preocupação é se nos vão esquecer! Nunca o esquecerei. Assim como não esqueço – O amor não se diz. Faz-se!. ■

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