Presidência da CMCR. Carta aberta aos Candidatos.

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Quem tem medo do Hospital Oeste Norte?
Um hospital apropriado, eficiente e útil é aquele em que existe: uma estrutura arquitetónica adequada; instalações técnicas e equipamentos adequados; o número exato de profissionais e os recursos financeiros necessários, de forma que a garantia da prestação de cuidados de qualidade possa ser feita com um mínimo de demora, de risco e de dor para a Pessoa/Doente.
Só assim, poderá ser garantida a eficiência do hospital; a segurança e o conforto das Pessoas/Doentes, que é a missão, objetivo e razão de ser de um hospital.
Gerir um hospital com elevado nível de performance, de forma holística, humana e com dignidade é conseguir a alocação de todos os recursos disponíveis, através da aplicação da dialética do método, da técnica, do zelo, do bom senso e da arte.
O fazer a acontecer na governação hospitalar tem de utilizar a teoria dos 5 porquês como base da tomada de decisão, conducente à resolução de problemas e não conformidades encontradas no processo de gestão.
Em 2001, fui mentor do Hospital Oeste Norte (250 camas, a 25 minutos de 250 000 pessoas) Em 2008.08.28, uma Resolução do Conselho de Ministros aprovou a sua edificação. Na visita às Caldas da Rainha a Comissão Técnica, enviada pelo Ministério da Saúde, chumbou todas as localizações (terrenos ) propostos pela CMCR e CMA.
O resultado da disputa da localização entre estes dois municípios está à vista. O Hospital Oeste Norte ficou na gaveta (há 24 anos). Hoje, o investimento será superior em mais 100 milhões de euros, relativamente a 2008.
O estudo elaborado pela Universidade Nova de Lisboa defendeu a localização do Novo Hospital do Oeste no Bombarral.
Os municípios de Caldas da Rainha, Óbidos e Rio Maior rejeitaram a localização proposta pelo estudo e apresentaram como alternativa de localização do Novo Hospital do Oeste, em terreno entre Caldas e Óbidos.
Desde o ano 2020 que apresentei a minha proposta de 2 hospitais ( Twin Hospitals, em articulação, parceria e complementaridade (instalações, serviços e meios técnicos, altamente diferenciados) para o Oeste: Hospital Oeste Norte, Caldas da Rainha e Hospital Oeste Sul, Torres Vedras.
Pela minha experiência e pela investigação feita ao longo de mais de 20 anos não consegui encontrar base na ciência de gestão e no planeamento hospitalar, para a edificação de um único hospital para todo o Oeste:
Considerando, de forma compreensiva, todos os fatores e parâmetros base de tomada de decisão sobre a escolha de terrenos para a localização de um hospital, a localização Bombarral não cumpre, nem reúne os critérios definidos no documento publicado, em 2003, pela Direção- Geral das Construções Hospitalares “ Critérios de avaliação de Terrenos para Unidades Hospitalares ”.
A localização Caldas/Óbidos, também por uma análise sistémica e holística não cumpre cabalmente critérios base exigíveis a um bom planeamento e programação hospitalar territorial, como o da justiça e equidade regional. Também fere a Constituição da República Portuguesa na alínea b) do n.º 3 do artigo do Art.º 64: “garantir uma eficiente e racional cobertura de todo o país em recursos humanos e unidades de saúde”.
A distância das populações, em tempo e acessibilidade de transportes; a dificuldade de fixar profissionais de saúde diferenciados (médicos, enfermeiros, técnicos de saúde e outros); os elevados custos financeiros e ambientais de deslocação de profissionais e Pessoas / Doentes); a insegurança da população destinatária e a falta de equidade regional e injustiça de cidadania, entre outros.
O momento presente do SNS e nomeadamente na rede hospitalar, relativamente à dificuldade de captação e disponibilidade para ter prestadores médicos faz-me, nesta gestão de incerteza atual, nacional e internacional, defender a edificação de 2 hospitais, porque a atratividade deste tipo de profissionais é muito superior, pela desmotivação e excessivo incómodo, em km percorridos e tempo de deslocação para o local de trabalho.
Assim, cumpre-me a missão de desafiar os Candidatos Presidência da CMCR a não terem medo de defender o Hospital Oeste Norte, sem complexos e a pensar na visão estratégica, politicamente e tecnicamente correta de trazer de volta todo o concelho de Alcobaça, por lógica da Comunidade Intermunicipal do Oeste, pela realidade e conhecimento de que o Hospital de Leiria está em sobrecarga na grande área abrangente que serve atualmente.
“Tentar fazer o futuro é altamente arriscado. É menos arriscado, no entanto, do que tentar não o fazer “Peter Drucker.
Este desafio que vos deixo …… Em nome de um Hospital de Proximidade, Moderno, Inteligente, Humano e Sustentável e sobretudo pelo respeito da Constituição da República Portuguesa e os Fregueses / Munícipes do Oeste.

José Marques Mentor do Hospital Oeste Norte, em 2001; Administrador Hospitalar Aposentado; Provedor do Utente, ULSO

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