Eu tive o azar de me encontrar doente e de ter piorado muito no dia primeiro de Janeiro, vendo-me forçada a ir ao hospital. Tinha tonturas e fortes dores de cabeça como nunca tinha tido. E quando as dores apertavam, dormia mal. Contei a minha história ao médico, que avaliou a tensão arterial e disse “venha daí”. Fui até à sala onde se fazem alguns tratamentos e disse-me “sente-se aí”. Nem sequer me explicou o que ia fazer. Passado pouco tempo apareceu uma enfermeira que me injectou uma agulha ligada a um tubo, também ligado a uma embalagem plástica pequena, talvez de 200 ml. Penso que era soro. Eram cerca de 13h00.
Poucas enfermeiras passavam e as que passavam iam ocupadas com algum doente. Eu estava aflita para ir à casa de banho. Entretanto passou uma e disse-lhe que tinha necessidade de ir à casa de banho. Disse-me “pode levar isso e ir”. Foi o que fiz. Claro que tinha necessidade de fazer movimentos para puxar a roupa. O líquido que estava quase gasto misturou-se com sangue ficando outra vez o recipiente cheio. Fiquei aflita, mas não vi por ali nenhuma enfermeira e tive de ficar assim. Entretanto passou uma e disse “isto não pode estar assim”. Fechou a válvula e disse que tem de ser mudado. Mas não apareceu mais ninguém para o mudar. Será que a enfermeira não tinha o dever de me acompanhar à casa de banho e a colega de mudar o soro? Não compreendi se havia falta de pessoal ou desmotivação. Pelas 17h00 passou o médico, que foi falar com outro doente. Eu estava em jejum. Disse: “doutor, então e eu?”. Ele não me perguntou se estava melhor nem quis aprofundar a causa da dor de cabeça nem do desequilíbrio e tudo parecer andar à roda. Apenas me disse que era por não dormir. Expliquei que dormia bem, que só dormia mal quando as dores eram muito fortes. Receitou-me um medicamento para dormir! É isto no nosso Serivço Nacional de Saúde.
Agora a conta:
1 episódio de urgência 17,50 euros
3 injecções por via IV 3,90 euros
3 avaliação dos sinais vitais (temperatura) 3,30 euros
1 avaliação da tensão arterial 0,80
Total: 25,50 euros
Como já expliquei, só me foi avaliada a tensão e introduzido o soro. Não compreendo porque razão paguei mais 3,30 euros e gostava também de saber se avaliar os sinais vitais e avaliar a tensão arterial fazem parte da consulta. Ou se uma consulta é apenas olhar para o doente. Por outro lado, não compreendo também como isto é possível se a nossa Constituição diz que o Serviço Nacional de Saúde é tendencialmente gratuito? Onde está o nosso Tribunal Constitucional? E o nosso Presidente da República?
Albertina Pereira Monteiro
NR – Gazeta das Caldas deu conhecimento desta carta ao CHON que nos enviou a seguinte resposta:
Relativamente à exposição da utente, Exm.ª Sr.ª D. Albertina Pereira Monteiro, cumpre informar:
1. Os Serviços de Urgência Hospitalar têm como missão responder a situações de carácter urgente e emergente. O Hospital de Caldas da Rainha tem implementado um sistema de triagem de prioridades, sendo atendidos em primeiro lugar os doentes mais graves o que, naturalmente, poderá motivar alguma demora nos casos identificados como sendo de menor severidade.
2. Relativamente à cobrança das taxas moderadoras, como é do conhecimento geral, o novo regime entrou em vigor no passado dia 1 de Janeiro. Foram detectadas algumas anomalias no funcionamento dos sistemas de informação de apoio que, embora alheias ao CHON, foram prontamente comunicadas e solucionadas pelas entidades competentes.
Está em curso um trabalho de identificação e notificação dos utentes que sofreram os efeitos da falha atrás descrita, no intuito de os ressarcir.
3. Volta a informar-se que o CHON tem o utente como centro da sua actividade, pelo que o Gabinete do Utente se encontra disponível para acolher eventuais manifestações de insatisfação e encaminhar reclamações que venham a existir, numa perspectiva de melhoria contínua. Mais, qualquer um dos Serviços tem disponível, conforme legalmente previsto, livro de reclamações.
4. De notar que não consta na instituição qualquer reclamação formal da utente sobre o episódio relatado.
Colocando-nos ao dispor para qualquer outro esclarecimento,
Rosa Amorim
Directora Clínica
































