Manhã cedo na passada sexta-feira correu célere a morte de Jorge Sampaio, que estava internado num hospital da capital, depois de agravamento da doença quando gozava férias no Algarve.
Conhecemos Jorge Sampaio à distância através de seu tio António Duarte, que o relembrava, nomeadamente das suas férias nas Caldas em criança. Jorge Sampaio está associado a uma família célebre nas Caldas, desde o escultor António, ao comerciante mais característico do comércio local da primeira metade do século passado, Silva Santos. Depois conheci-o através de amigo que o acompanhou de perto na campanha eleitoral para Presidência da República, desempenhando funções na Casa Civil.
No final do século passado, estive ligado à vinda a Portugal de um nome maior da prospetiva no mundo ocidental, Hugues de Jouvenel, filho do nome maior da prospetiva francesa Bertrand de Jouvenel (1903-1987).Tendo sabido dessa vinda, mandou contatar-me porque queria recebê-lo no Palácio de Belém, para falar sobre o mundo e as tendências que se desenhavam no horizonte do novo milénio. Lembro-me de o acompanhar nessa reunião informal em que juntou os principais conselheiros da Presidência, seguida de uma refeição no Palácio, permitindo-me conhecer um homem de fina sabedoria e de profunda preocupação com o tempo longo, como dizem os prospetivistas e que causou grande admiração no visitante em relação a um Presidente da República de uma nação amiga, como me confessou depois.
Não admira que depois da sua morte, tenha havido uma quase unanimidade da apreciação da sua personalidade, do seu saber, da sua humanidade, da sua solidariedade, não esquecendo no tempo recente as suas iniciativas a favor dos jovens refugidos de nações em guerra, como das jovens afegãs dias antes da sua fatídica doença.
Por Caldas sempre demonstrou carinho, conhecimento e reconhecimento, tendo a cidade de seus tios festejado-o e galardoado justamente.
Como se diz de muitos, mas deste com mais propriedade: “Morreu um homem bom e sensível.” Neste momento triste julgo que o pensamento e a prática de vida de Jorge Sampaio é tão reconfortante e motivador, que ficará na nossa memória como um dos nomes maiores e mais consensuais no pós-25 de Abril. ■
































