Dentro de ti, cidade (e no concelho e no país) houve eleições Autárquicas. Desejo pois, logo de entrada, saudar os estimados colegas destas crónicas que se apresentaram como candidatos: o Jorge Varela pela vitória do seu partido e por ir assumir a presidência da União de Freguesias de Santo Onofre e Serra do Bouro; o Jaime Neto, pela sua eleição como vereador; o Rui Gonçalves e o Lino Romão, pelas dinâmicas de campanha.
Integrando eu, como é sabido, a lista da CDU, o período imediatamente antes do acto eleitoral revelou-se doloroso devido ao falecimento do meu Pai. Que me seja permitido deixar aqui um profundo e sincero reconhecimento aos membros das outras candidaturas e a todos aqueles (e foram muitos) que quiseram expressar a sua solidariedade naquele momento difícil.
A contrapelo da derrocada laranja no conjunto das 308 autarquias, no concelho de Caldas da Rainha, verificou-se o sucesso do PSD, que, ao recuperar uma boa parte dos votos que tinham cabido ao MVC, consegue reeleger o seu 5º vereador, apesar das perdas das freguesias de Tornada e Salir do Porto para o PS, de Santa Catarina para o CDS e da Foz do Arelho para o anterior presidente da Junta, o qual concorria como independente. Aliás, este caso suscita enorme perplexidade porque havendo fortes indícios de gestão danosa no mandato anterior, a confiança política que os eleitores voltaram a manifestar, não deixa de ser surpreendente. Por onde parará a exigência e a ética republicana? A abstenção de 52, 2% no concelho, ainda que menor do que a verificada há quatro anos atrás (53,5%), foi todavia superior aos 45,03% da média nacional.
O CDS, contra todas as expectativas, perde o seu representante no executivo municipal, enquanto o PS, com o seu maior resultado autárquico de sempre, a que não é alheio a influência da acção governativa, sobe aqui 8,8%. Mas é no BE que, desta vez, se regista o maior crescimento, duplicando a sua votação, o que o torna um caso de estudo na amplitude das oscilações, com um eleitorado volátil, que tanto reduz para metade como dobra o número de votos alcançados.
Quanto à CDU, o lema de campanha «(Re)Afirmar as Caldas» estabeleceu-se em função da situação de impasse com que estamos confrontados numa série de assuntos fulcrais para a vida do concelho, diagnóstico aliás confirmado pelas conclusões do Plano Estratégico recentemente elaborado. Almejava-se, se possível, uma expansão eleitoral, porém uma ligeira quebra de menos de um ponto percentual (de 5,15% para 4,24%) teve como consequência negativa a perda do eleito na União de Freguesias de N. Srª do Pópulo, Coto e S. Gregório, mantendo-se no entanto os lugares em Santo Onofre/Serra do Bouro e na Assembleia Municipal. No todo nacional, não obstante a perda de 10 Câmaras, a CDU regista avanços significativos em muitos pontos (Lisboa, p. ex.), mantendo uma presença imprescindível no Poder Local, com uma implantação de novo reiterada ao obter meio milhão de votos, 171 vereadores e mais de seis centenas de deputados municipais.
Com meios incomparavelmente mais escassos do que muitas outras forças, a CDU, para além de erros próprios, voltou a ser prejudicada por muita da Comunicação Social, que, quantas vezes, a procura silenciar ou deturpar. Os mesmos que em 2013 ignoraram o êxito da CDU, falam agora de hecatombe. Até nas páginas deste jornal esse preconceito teve lugar – num retrato-robot, a 48 horas das eleições, fui apresentado como «ancião», «reacionário», «de birras»… Estragam-me com esta encomenda de mimos! Valer-me-á talvez o facto de, ao levar a caricatura para a escrita, o autor, em ambas, tornar irreconhecível o seu modelo.
Mas a luta continua, nesta democracia mitigada onde o Povo (ainda) é quem mais ordena.

































