DE PALAVRA EM RISTE | A Frutos e a falta formal

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A Feira dos Frutos, agora rebaptizada de Feira Nacional de Hortofruticultura, cumpriu este ano a sua 28ª edição, a qual correspondeu a um relançamento organizativo. Iniciada em 1978, e tendo decorrido entre 1992 e 2007 nas instalações da Expoeste, acabou por ver interrompida a sua realização, regressando em 2016 ao seu espaço primeiro, o Parque D. Carlos I.

Após um hiato de quase uma década, compreendem-se as diligências realizadas para divulgação e publicitação da iniciativa e de igual modo a procura de um impacto mediático acrescido, esforço que, de alguma maneira foi correspondido com uma afluência de público, que segundo os organizadores, terá rondado as 100 mil pessoas, e propiciado ainda as visitas institucionais do Secretário de Estado do Desenvolvimento e Coesão, Nelson de Souza (também munícipe, dado possuir uma casa no concelho), do Presidente do Turismo do Centro, da Directora Regional do Instituto Português do Desporto e Juventude e da Directora Regional de Agricultura e Pescas de Lisboa e Vale do Tejo, da Secretária-Geral adjunta do PS, Ana Catarina Mendes e até de Assunção Cristas, Presidente do CDS-PP e ex-ministra da Agricultura, que mesmo sem o boné à lavrador que celebrizou o seu antecessor Paulo Portas no seu intenso périplo por feiras e mercados, a fim de se inteirar dos problemas da «lavoura», parece apostada em seguir-lhe a pista.
Todas estas personalidades mereceram, como aliás deve ocorrer e recomendam as boas regras, ser recebidas e acompanhadas pelo Presidente da Câmara, Vereadores do executivo municipal e outros responsáveis. Ora acontece que Jerónimo de Sousa, Secretário-Geral do Partido Comunista Português, recebeu igualmente convite para o evento. Por se revelar, de todo, impossível o agendamento devido à indisponibilidade de datas, o PCP respondeu por escrito informando que se faria representar através de uma delegação composta por Vítor Fernandes, eleito na Assembleia Municipal de Caldas da Rainha e membro do secretariado da Direcção Regional de Leiria e por Filipe Rodrigues do Comité Central. Chegados aos portões do Parque foi-lhes solicitado que aguardassem. Lá aguardaram. Chegou entretanto recado emanado de fonte anónima e transmitido por jovens integrantes do «staff« (utiliza-se aqui a palavra porque a Feira não escapou à contaminação viral e aculturada do inglesismo – teve «chefs» e «showcooking», «task force», «stand-up comedy» e «pokemon  lounge». Maravilha! Por um triz o Parque não passava a «Garden» e a Feira a «Fair Show». Adiante e siga…). Segundo os mensageiros, onde sobressaía o jota de Juventude em vez de «Youth», mas que, de todo, não eram «Public Relations» mas sim tarefeiros a quem, obviamente, não cabe nenhuma culpa nem responsabilidade pelo sucedido, os delegados do PCP podiam finalmente entrar. Lá entraram. Ninguém então para os receber e acompanhar a visita, enquadrando a deambulação com informações e esclarecimentos considerados relevantes. Nenhum quereria passadeira vermelha e banda a tocar, porém seria expectável aquele mínimo de cuidado e boa educação que incube a qualquer entidade anfitriã e que a resguardasse pois de atitudes deselegantes, cujo significado mais fundo ressalta com crua nitidez: incompetência!
Vivemos na Sociedade do Espectáculo, do culto das personalidades-vedeta, seja no campo da política, do desporto, da futilidade social cor-de-rosa e inclusive do crime, onde tudo é, em ultima análise, avaliado pelo reflexo ampliado obtido nos meios de Comunicação Social. Viesse a delegação do PCP acompanhada, nem seria necessário por um batalhão de jornalistas, bastaria uma câmara de reportagem televisiva e decerto outro seria o acolhimento. Contudo, a propaganda não pode sobrepor-se ao resto e constituir o Objectivo final.

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