No sábado, dia 9 de Janeiro, tive o privilégio de presenciar o, já tradicional, Concerto de Reis, no Museu José Malhôa.
Do programa constou: o Coral das Caldas da Rainha, dirigido por Joaquim António Silva, o Orfeão Caldense, sob direção de Ruth Horta, o Coro de Câmara e o Coro Infantil, ambos do Conservatório das Caldas da Rainha, o primeiro sob a batuta de Fátima Cotrim e o segundo regido por Maria João Veloso, com o acompanhamento instrumental do tecladista Cláudio Duarte.
Parabenizo a todos os participantes, porém, destaco os dois grupos do Conservatório caldense, pela forma como vêm se apresentando ao público e, nesta ocasião, mais uma vez, com muito talento e brilhantismo.
Os alunos do Conservatório, respeitando os cânones musicais que lhes são ministrados aula a aula, apresentaram-nos um repertório sólido, muito bem ensaiado, repleto de segurança e boa disposição.
Desse repertório constaram as músicas: “Eu tenho um amigo”, de Margarida Fonseca Santos, “Numa noite muito fria”, música tradicional portuguesa, e “Vai nevar”, tradicional de Natal, todas interpretadas pelo Coro Infantil; “Minha Canção”, de Chico Buarque, com arranjo de Alexandre Zilahi, “El Noi de la Mare”, música popular da Catalunha, com arranjo de Ernest Cervera e “Carol of Bells”, música tradicional da Ucrânia, com arranjo de Pentatonix, executadas pelo Coro de Câmara.
A maestria desses dois grupos de canto coral do Conservatório das Caldas da Rainha foi notória, mostrando-nos, mais uma vez, a importância do estudo musical desde tenra infância.
O contato com o aprendizado, ainda em idade pueril, traz aos jovens a descoberta, manutenção e avanço técnico do Ouvido Absoluto, tão relevante para uma carreira nessa tão difícil arte que é a música.
A importância do Ouvido Absoluto, nomeadamente na linhagem da igual-temperada escala de Dó Maior, outorga ao músico, a aptidão de classificar mentalmente timbres e notas em regiões de alturas predefinidas.
Carlos Gomes, Beethoven, Mozart, Chopin, entre outros, eram possuidores de Ouvido Absoluto, primeiro passo para conseguirem compreender a nota que ouviam e depois reproduziam. Os quatro citados, além de exímios compositores, foram excelentes cantores, conhecedores profundos dos diversos naipes de um Coro.
Beethoven, apesar do problema auditivo que o afetou largamente, conseguiu manter a essência do Ouvido Absoluto: ouvindo as notas e percebendo os timbres na sua cabeça, o que perfeitamente se descobre ao ouvirmos todas as suas composições, escritas já em tormentoso momento de surdez definitiva.
O Coro Infantil e o Coro de Câmara do Conservatório das Caldas da Rainha estão repletos de bons Ouvidos, e suas vozes: Tenorinos, Contraltinos, Pré-primários, Sopraninos, Barítonos (voz de transição), Baixos, Tenores, Contraltos, Mezzo-sopranos e Sopranos, muito bem conduzidas, mostram-nos que estão na trajetória certa.
O meu mais comovido aplauso a todos os envolvidos, principalmente aos meninos e meninas, do Coro Infantil, que dominaram as atenções.
Rui Calisto

































