O Instituto Nacional de Estatística (INE) acaba de publicar mais uma análise do chamado “Índice Sintético de Desenvolvimento Regional” (ISDR) relativa ao ano de 2013. O ISDR é um índice construído a partir da análise de três dimensões fundamentais do desenvolvimento regional: a competitividade económica, a coesão territorial e a qualidade ambiental.
No ISDR 2013, a região Oeste surge em 16º lugar num total de 25 regiões portuguesas caracterizadas como Núcleos de Unidade Territorial III (NUTS III). Considerando que o Oeste é uma região directamente relacionada e dependente da Área Metropolitana de Lisboa, a região mais desenvolvida de Portugal e a única que está acima da média global, o seu índice de desenvolvimento regional no panorama nacional é efectivamente muito fraco. O desempenho mais negativo do Oeste é aquele que se relaciona com a dimensão da qualidade ambiental: 21º lugar num total de 25 regiões. Um desempenho paradoxal da região Oeste, muito abaixo da média nacional para uma região tão rica em património paisagístico e construído.
O que podemos nós fazer, cidadãos do Oeste, para melhorar o índice de desenvolvimento regional desta região onde vivemos e trabalhamos ? Primeiro que tudo, sermos muito mais exigentes no que diz respeito à qualificação ambiental deste território, instrumento fundamental da competitividade económica e da coesão social e territorial. O ambiente urbano e paisagístico deve ser uma prioridade política na agenda de desenvolvimento desta nossa região! Os 360 000 cidadãos do Oeste, que vivem e trabalham nos 12 municípios que o constituem, devem exigir políticas mais integradas para a melhoria do seu índice de desenvolvimento regional. Desde logo a exigência da implementação de mais e melhores programas, planos e projectos intermuncipais. Programas, planos e projectos públicos que contribuam para a construção efectiva de uma visão mais alargada do desenvolvimento regional à escala autárquica.
O desenvolvimento futuro do Oeste passa também por uma desejável mudança de atitude dos seus principais e mais influentes actores políticos, nomeadamente os responsáveis locais democraticamente eleitos e com maior responsabilidade executiva. Muitas vezes encontramos nos gabinetes dos senhores presidentes e vereadores das Câmaras Municipais do Oeste, um mapa do concelho formando um polígono fechado, com tudo em branco à sua volta. A convivência diária com a visualização deste mapa conduz a um pensamento político fechado sobre si mesmo. Conduz a um não-pensamento.
Tal como o avestruz, há políticos locais que enterram a cabeça na areia porque recusam ver esta realidade da vida contemporânea: as relações, fluxos e trocas entre os agentes económicos e sociais, famílias e empresas, têm, cada vez menos, fronteiras físicas e administrativas. Mas, como dependem dos votos dos seus eleitores, tudo fazem para cultivar a exaltação bairrista local, em detrimento da visão global mais alargada.
O programa de investimentos “Europa 2020”, lançado pela Comissão Europeia, é também um desafio regional para o Oeste, que tem neste momento uma palavra a dizer no delinear das novas estratégias territoriais de desenvolvimento à escala regional e local. Mas será que os cidadãos do Oeste conhecem o programa “Oeste 2020”? Para quando uma apresentação pública senhores autarcas?
Jaime Neto
































