Teresa Lemos
Coordenadora do GEOTA
Estamos no outono, e o Paul de Tornada enche-se de aves. Este é um dos melhores períodos do ano para observar aves. E porquê?
Apesar da sua dimensão relativamente modesta, o Paul de Tornada é um verdadeiro refúgio para aves migratórias, que aqui se protegem das intempéries, do frio e da escassez de alimento mais a norte. Um verdadeiro hotel para aves como por exemplo, o pato-trombeteiro, a marrequinha-comum, a águia-pesqueira e o pisco-de-peito-azul, que nesta época do ano realizam uma das suas migrações.
Todos os anos milhões de aves atravessam os continentes e os oceanos em busca de condições ideais para alimentação, reprodução e sobrevivência. A migração é uma viagem cheia de perigos e ao longo dela as aves necessitam de locais seguros para descansar e alimentar-se. Ao longo de toda a sua rota, as aves enfrentam várias ameaças, a maioria delas de origem humana, desde destruição de habitats naturais, a caça ilegal, a poluição luminosa, que tem um efeito desnorteante nas espécies que voam sobretudo durante a noite, a contaminação dos solos e a urbanização de espaços outrora naturais. Os efeitos cada vez mais evidentes das alterações climáticas nos ecossistemas têm um impacto muito grande num processo intimamente ligado às variações sazonais como é a migração.
Anualmente celebra-se no segundo sábado de maio e de outubro o Dia Mundial das Aves Migratórias. Este evento realiza-se duas vezes por ano, assinalando desta forma a natureza cíclica da migração das aves e os diferentes períodos de migração nos hemisférios norte e sul. A celebração destas datas tem como objetivo sensibilizar para a importância da proteção das aves migratórias e dos seus habitats, assim como aumentar a consciencialização sobre as ameaças que enfrentam. Quando se considera que essas rotas migratórias atravessam dezenas de países, com políticas ambientais distintas, a urgência de uma cooperação internacional torna-se evidente, lembrando que a natureza não conhece fronteiras.
O comportamento migratório das aves é fascinante e ainda guarda muitos mistérios por desvendar. Como os cientistas que as estudam, questione-se: como sabem as aves quando é hora de partir? Como reconhecem o caminho a seguir e como percebem que chegaram ao destino?
Visite uma zona húmida perto de si, e desfrute do prazer de observar aves.

































