Estes dois nomes são marcas históricas de prestígio nos respectivos países, Portugal e Brasil, que espero que possam construir um futuro juntos, partilhando estratégias e cooperando entre si.
Paraty, no sul do Estado do Rio de Janeiro, foi um símbolo do período português e ali chegava desde Minas Gerais, preciosas e avultadas quantidades de ouro para a partir das suas águas calmas embarcar para Lisboa as riquezas com que Portugal se abastecia nos séculos XVII e XVIII.
O difícil acesso rodoviário a Paraty, quase equidistante entre as duas maiores cidades brasileiras, Rio de Janeiro e São Paulo, manteve a cidade colonial intacta das alterações do progresso e as suas ruas atiram-nos para um empedrado irregular com múltiplos reencontros com a história e com as ligações a Portugal.
Em boa hora, Paraty foi escolhida para ser o berço de um dos maiores projectos culturais do Brasil, com a FLIP, Festa Literária Internacional de Paraty. Este projecto que já se reeditou por 16 vezes distribui em cinco dias mais de duas centenas de jornalistas do mundo inteiro, duas dezenas de parceiros a fazer programação, trazendo centenas de autores e conta com um público que descobre Paraty de livro na mão.
Um excelente exemplo de regeneração urbana que se reencontra num momento em que Óbidos efectiva uma das maiores utopias culturais da Europa com a construção progressiva de uma Vila Literária, já reconhecida pela UNESCO desde 2015. Com histórias fortes mas separadas, mais pela geografia do que pela história, o momento actual é de perceber melhor o que a literatura está a fazer ao urbanismo e à vida económica e social destas cidades ou como a cultura pode regenerar o espaço urbano introduzindo vida contemporânea e inovação nos centros históricos. Acredito também que a existir uma aproximação entre as equipas que promovem estas estratégias muito há a aprender e que Óbidos e a sua região só ficam prestigiadas pelo reconhecimento do que aqui se faz.
Em total articulação e comunhão de esforços com o presidente da Câmara de Óbidos, a Sociedade Vila Literária, associação cultural, teve a oportunidade de estar na FLIP deste ano e de expressar os objectivos de Óbidos no que diz respeito à construção de um futuro que passa por uma escolha certeira dos parceiros internacionais como Paraty; angariação de parcerias empresariais assentes numa visão estratégica partilhada; construção de um eixo nacional comum e maior proximidade com os actores e agentes locais, incluindo a população local de todos os segmentos etários e de vários sectores, da educação à economia. Os seus reflexos terão já visibilidade na próxima edição do Fólio de 2018, que decorrerá entre 27 de Setembro e 7 de Outubro, mas o caminho é longo e exige resiliência tal como capacidade e abertura para permanentemente aperfeiçoar e inovar.

































