O Voluntariado (In)Visível das Caldas

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Manuel Bandeira Duarte
Designer e artista

As Caldas da Rainha são um mar infinito de núcleos, redes, camadas associativas, culturais e desportivas. Este mar não está num mapa nem se mede em quantidade. É feito de associações, coletivos, grupos informais, artistas e voluntários. É diverso e tão vasto. Será totalmente visível ao olhar de cada um? Ou será algo que muitos preferem não ver?

Cada núcleo é distinto entre si: alguns centenários, de raízes fundas, outros ainda frágeis, mas com vontade de crescer. À primeira vista parecem isolados; no entanto, abaixo da superfície do visível, unem-se de afinidades e valores partilhados: a vontade de criar, de cuidar, de educar, de ilustrar histórias e de dar vida a uma comunidade e a uma cidade.

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Como em qualquer mar, esta diversidade é a sua maior riqueza. E como tal, para se tornar mais entrelaçado, interligado e visível, precisa não só do olhar atento, mas também da mão e do gesto de cada um, dando um pouco de si e contribuindo para tanto.

Reconhecer este mar (in)visível é reconhecer que o nosso presente e futuro não dependem apenas do palpável e do óbvio, mas sim da vitalidade destes ecossistemas sociais, culturais e associativos. Por vezes, falta construir caminhos e desvendar o mapa a quem não o conhece. Dar valor. Estar atento. Agir.

Neste mar já temos exemplos disso mesmo. De quem procurou fazer e permaneça a construir. São anos em que a nossa história é acompanhada destes pequenos núcleos e, se assim o é, o que dificulta a adesão e o apoio daqueles que não querem ver?

Há espaço para mais, há muito por fazer e temas por ocupar. Porque não criar um mapa vivo de associativismo, acessível e claro, no qual cada cidadão possa e saiba como se juntar? Cabe-nos, enquanto indivíduos, percorrer este mapa, cuidá-lo e fazer parte dele. Uma cidade não é só o que se vê e vive nas ruas. É, também, o que cresce, silenciosamente, na vontade de quem se organiza para criar, partilhar e transformar.

Sempre fui estimulado a agir e a mergulhar no associativismo. Ser voluntário é dar asas e contributos a uma comunidade melhor, maior e de boas essências e boas práticas. É uma inspiração e é ser ímpar. É gostar de “bocados de felicidade simples” (A Terapia do Flamingo – p. 54, de José Pedro Viegas – uma inspiração).

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