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A notícia publicada de um estudo segundo o qual a grande maioria dos comerciantes quer ver permanentemente aberta ao trânsito automóvel a Rua Heróis da Grande Guerra suscita-me os seguintes reparos:
Em primeiro lugar penso que a opinião dos comerciantes (pouco mais de duas centenas) não é a única que deve contar nesta matéria; há que ouvir também os restantes milhares de utentes da mesma via (nos quais me incluo).
Em segundo lugar as pessoas, que eu saiba, não vão de carro às compras e sim a pé e nem na via em questão há lugar para estacionar carros à porta das lojas.
Esta polémica não é nova. Recordo-me de que, já há muitos anos, quando em Lisboa fecharam ao trânsito automóvel a Rua Augusta, ouviu-se o mesmo coro de lamentações do comércio local, alegando os enormes prejuízos que daí adviriam. Não só tais prejuízos não se verificaram, como se acabou por reconhecer que a via pedonal facilitava o acesso às lojas.
Em parte isto é fruto da mania atávica do automóvel que o português tem. Ainda não levam o carro até à beira da cama porque ainda não conseguiram fazer com que o mesmo suba as escadas do prédio.
José Nuno Valadas
