O regresso das fraldas reutilizáveis

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Reduzir a pegada mesmo antes de começar a andar
As fraldas descartáveis representam cinco por cento de todo o lixo urbano produzido em Portugal. Desses resíduos, para os quais não existem soluções de reciclagem no nosso país, três quartos são depositados em aterros sanitários e um quarto segue para incineração.
Uma fralda descartável pode demorar 500 anos a decompor-se e a sua incineração provoca a libertação de dioxinas para a atmosfera. Daí que o uso de fraldas reutilizáveis seja uma das medidas previstas no PPRU – Plano de Prevenção de Resíduos Urbanos, aprovado em 2009 e implementado pela Agência Portuguesa do Ambiente.
Dar para receber menos

A Valorsul ofereceu cerca de uma centena de kits de fraldas reutilizáveis aos bebés que nasceram no Centro Hospitalar de Caldas da Rainha, durante a Semana Europeia da Prevenção da Produção de Resíduos (European Week for Waste Reduction), entre dia 22 e dia 28 de Novembro do ano passado. Tratou-se de uma iniciativa integrada no «Projeto Fraldinhas», organizado pela Empresa Geral do Fomento, S.A., em parceria com a Quercus, que distribuiu 1600 kits de fraldas reutilizáveis em todo o território continental, com o objetivo de sensibilizar a população para estes números: só na Valorsul são processadas três toneladas e meia de resíduos de fraldas por hora.
Estas iniciativas têm, também, um outro propósito: desmistificar o uso de fraldas reutilizáveis.
Mudar de hábitos
Segundo um comunicado divulgado pela Quercus aquando do «Projeto Fraldinhas», estamos a falar de «fraldas em tecido (algodão, bambu ou outros produtos naturais)» ou seja, menos agressivas para a pele sensível dos bebés. As fraldas descartáveis são produzidas a partir de pasta de papel e branqueadas com cloro e lixívia, além de que são impermeabilizadas com um plástico derivado do petróleo.
Estamos também a falar de fraldas versáteis e fáceis de usar, que «acompanham o ritmo das gerações actuais. Podem ser lavadas na máquina juntamente com a restante roupa, mesmo a 40 graus, e suportam cerca de 800 lavagens».
Na verdade, esclarece Patrícia Cruz, proprietária da loja 9 Luas, em Caldas da Rainha, «o “fantasma” lavagem constante não passa disso mesmo, uma vez que os bebés sujam imensa roupa» e as fraldas vêm, assim, ajudar a «encher uma máquina de lavar» que, muito provavelmente, seria posta a funcionar com carga insuficiente.
E os pais portugueses estão a aderir? Para Patrícia Cruz, é uma questão de mudança de mentalidade e isso, em Portugal, tem tendência a levar algum tempo, sobretudo quando estão em causa “direitos adquiridos”, como a comodidade. Mas é expectável que o recurso às fraldas reutilizáveis aumente, em proporção direta ao aumento de informação e de relatos positivos. Até porque «na prática é bem mais simples do que parece à primeira vista.»
Ana Marta Ramos

O fator financeiro

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A saúde dos bebés e do planeta são fatores de peso a favor desta mudança. Mas há ainda um terceiro que pode ser o decisivo: a poupança. «Por vezes os pais pensam que o investimento é avultado, mas tal apenas parece porque despendemos o dinheiro de imediato, enquanto nas fraldas descartáveis o gasto é faseado, o que faz com que percamos a noção do custo total», esclarece Patrícia Cruz.
Imagine que consegue organizar-se com 18 a 20 fraldas reutilizáveis – quantas mais tiver, menos frequentemente tem que lavá-las. Isto implica um custo total entre 270 e 300 euros, em média. De acordo com a Quercus, as fraldas reutilizáveis obrigam a um maior investimento inicial «mas podem ser uma grande poupança se considerarmos os dois anos e meio em que um bebé habitualmente usa fraldas ou a utilização em mais de um filho». A título de referência, uma família pode poupar 500 euros com um filho. Quando chega o segundo filho, as fraldas já lá estão em casa. Tendo em conta que um bebé utiliza, em média, cerca de 5500 fraldas descartáveis durante os dois primeiros anos de vida… é fazer as contas.

A. M. R.

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1 COMENTÁRIO

  1. O meu filho tem 19 meses e usa fraldas reutilizáveis desde os 2 meses.
    Foi a melhor decisão que tomei, pois estou a cuidar da saúde do meu filho, poupo dinheiro e cuido do meio ambiente.
    Recomendo o uso das fraldas reutilizáveis.