O pensamento positivo cura as dores de dentes?

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Há alguns anos, estava num seminário em Londres, a ouvir uma palestra por um dos oradores de motivação pessoal mais conhecidos do mundo. Ele partilhou uma história muito pessoal – a da altura em que tinha sido diagnosticado cancro à sua mãe.
Ele foi falar com o médico antes deste chegar ao quarto da mãe, com os resultados. Perguntou-lhe “Doutor, como estão as coisas?” O médico respondeu-lhe que a sua mãe tinha uma espectativa de vida de 6 meses.
Nesse momento, ele opôs-se determinantemente a que o médico revelasse o tempo de vida à mãe. O médico reclamou, claro, dizendo que era o seu dever. Que a paciente tinha o direito de saber. Mas o orador manteve-se firme, e num momento de ira ameaçou mesmo: “Doutor, com todo o respeito que lhe tenho, se você entra naquele quarto e diz à minha mãe que lhe restam seis meses, eu vou-lhe à cara.”.
Realmente, foi dado o diagnóstico de cancro à mãe, mas foi omitido o tempo de vida esperado.
Esta atitude do orador não surgiu por acaso. Ele tinha, durante muitos meses, lido estudos ciêntificos acerca da taxa de sobrevivencia das pessoas com doenças semelhantes, caso lhes fosse ou não dada uma estimativa do tempo que resta.
Os números não mentiam: as pessoas que sabiam o tempo que lhes restava, regra geral, viviam ainda menos tempo. As pessoas que estavam conscientes da doença, e prosseguiam tratamento, mas sem ter uma ideia certa da sua esperança de vida… Essas também morriam, mas quase sempre depois do prazo esperado.
Foi com base nessa informação que o orador tomou a sua decisão de não informar a mãe. A senhora viveu mais dez anos.
De facto, embora os mecanismos que relacionam a atitude mental e emocional com a saúde física ainda não tenham sido estudados com rigor, já não há margem para dúvida de que existem relações.
Quero com isto dizer que basta pensar em coisas boas para eliminar uma dor de dentes? Claro que não! Mas os resultados dos tratamentos, esses sim são fortemente influênciados pela atitude das pessoas.
São poucas as pessoas que se sentam na cadeira do dentista com satisfação, é certo.
Mas as pessoas que se sentam nela já com crenças desmotivantes – que os seus dentes não prestam, que os tratamentos neles nunca duram, que lhes vai doer depois – normalmente vêem as suas previsões realizadas.
Por outro lado, as pessoas que encaram o tratamento como isso mesmo: um tratamento, algo que lhes vai trazer benefício, uma mudança positiva na sua saúde, algo que pode ser inconveniente a curto prazo mas lhes trará felicidade e conforto a longo prazo – essas são as pessoas em que os tratamentos correm sempre bem e duram muito para além daquilo que os próprios dentistas prevêem.
Não há nenhum botão na nossa cabeça em que possamos carregar para mudar o negativo para positivo. É uma mentalidade que se cultiva. Tal como escovar os dentes ou passar o fio. E tal como estes, é uma mudança que vale a pena cultivar, pois vai sempre resultar numa melhor saúde.

Luís Falcão de Magalhães
luis.falcao.magalhaes@gmail.com

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