O Mercado do Peixe

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Untitlevdvdd-1 copy copyA minha primeira escola nas Caldas da Rainha foi a chamada “Escola da Praça do Peixe”. Era um edifício muito bonito, com uma arquitectura num estilo Arte Nova, já um pouco degradado na altura e mais arruinado e abandonado hoje, a merecer a atenção pública. Em frente, na actual Praça 5 de Outubro,  montava-se todos os dias a ‘Praça do Peixe’. Nessa época, quem trazia e vendia peixe fresco ainda a saltar eram as peixeiras da Nazaré e Peniche. Para além destas, havia também muitos vendedores com enguias vivas, acabadas de apanhar na Lagoa de Óbidos, assim como ouriços do mar, da costa atlântica. A Praça 5 de Outubro, enquadrada pelo belo Cine-Teatro Pinheiro Chagas, de arquitectura modernista, era uma praça muito viva e colorida, com muito movimento de compradores e vendedores, nomeadamente mulheres e donas de casa, num rodopio permanente entre a Praça da Fruta e a Praça do Peixe. Caldas da Rainha era um verdadeiro e genuíno centro urbano regional, com um mercado vibrante de fruta e peixe fresco que afirmavam essa centralidade territorial. Estas duas praças eram o coração e os pulmões não só da cidade, mas também do concelho e da região!
Passados 50 anos é absolutamente desolador o actual panorama caldense do mercado de venda de peixe fresco nas Caldas da Rainha. Há apenas oito vendedores e, mesmo assim, na maior parte do tempo em que o mercado do peixe está aberto, há mais vendedores do que clientes. A actual maioria absoluta instalada na Câmara e Assembleia Municipal implementou, ao longo dos últimos 25 anos, políticas absolutamente erradas e desastrosas que prejudicaram gravemente a centralidade territorial das Caldas da Rainha: deslocalizou o mercado do peixe para as actuais instalações, demoliu o Cine-Teatro Pinheiro Chagas e, finalmente, construiu um parque de estacionamento subterrâneo na Praça 5 de Outubro que acabou por destruir grande parte do valor histórico e da relevância social e económica deste lugar. Mais recentemente, o projecto desenvolvido pela maioria instalada na Câmara Municipal para a requalificação do mercado do peixe foi outro tiro no pé, por manifesta ausência de visão política no reconhecimento do seu valor social e económico. Toda a requalificação e programa funcional foi um desastre! Todos os vendedores comentam que “estamos aqui metidos num buraco !”. O lamentável resultado produzido está à vista de todos os Caldenses, que o frequentam cada vez menos.
Por isso, é muito urgente começar a construir um novo projecto participado e mobilizador que valorize o Mercado do Peixe, articulando-o funcionalmente com a Praça da Fruta e devolvendo-lhe o importante papel social e económico que desempenha na afirmação territorial das Caldas da Rainha!
1. O sítio comporta a construção de um novo edifício, com vários pisos, moderno e funcional;
2. É desejável a futura implantação de restaurantes e bares no mesmo edifício, que valorizem os produtos e a vida do Mercado do Peixe, contribuindo também para o seu usufruto num horário mais alargado;
3. O Mercado do Peixe deverá ser acessível a todos os Caldenses e visitantes, sem barreiras arquitectónicas ou de horário;
4. Todos os Caldenses deveriam ter o prazer de valorizar o seu Mercado do Peixe, reconhecendo, comprando e divulgando a superior frescura e qualidade dos peixes e mariscos da Nazaré e Peniche, para além dos produtos locais da Lagoa e costa atlântica que aqui se vendem!
Jaime Neto
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