O Jornalismo de Proximidade é um instrumento para a cidadania ativa e esclarecida

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David Vieira
Técnico de Comunicação

Um dos princípios essenciais do jornalismo local e regional é a chamada Lei da Proximidade. Significa que os acontecimentos mais próximos de nós – geograficamente ou por afinidade – são também os que mais nos interessam. São mais “nossos”.
É aqui que entra o Jornalismo de Proximidade. Escrevo-o com letras maiúsculas porque quero mesmo dar-lhe a importância que merece.

As notícias próximas são-nos, por natureza, mais relevantes: falam das nossas ruas, dos nossos vizinhos, das nossas decisões coletivas. Têm impacto direto na nossa vida. Por isso, o jornalismo local promove maior interesse, mais participação, mais envolvimento. Cria confiança. Fortalece o sentimento de pertença. Conecta. Ajuda-nos a perceber que fazemos parte de algo maior, seja uma freguesia, uma vila, uma cidade, ou uma região.

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Este jornalismo, porém, não está isento de dificuldades. Enfrenta a concorrência dos grandes grupos de media mais generalistas, a escassez de recursos, a redução de equipas e a pressão de diversos interesses. Ainda assim, estes jornais e rádios continuam a dar prioridade à região onde atuam, a cobrir eventos que a imprensa nacional ignora, a contar histórias de ruas e bairros. E, muitas vezes, são eles que dão a palavra a quem nunca a teria noutro contexto.

O Jornalismo de Proximidade promove uma cidadania ativa e esclarecida ao informar sobre temas concretos da vida local. Ao tornar visíveis essas realidades, incentiva os cidadãos a participar, a questionar, a propor. Dá-lhes ferramentas para compreenderem o que se passa à sua volta e, mais importante ainda, para agirem. Porque só se participa verdadeiramente quando se conhece. E é nesse conhecimento próximo, acessível e contextualizado que reside a força transformadora da imprensa local.

A proximidade, no jornalismo, não é, por isso, um detalhe técnico. É um valor ético e democrático. Porque é nos jornais locais que, por vezes, se encontra o único espaço de escrutínio, de participação cívica, de debate informado. É ali que se fala das assembleias de freguesia, dos orçamentos municipais, das decisões que afetam diretamente o nosso quotidiano. É ali que se constrói a cidadania, uma notícia de cada vez.

A imprensa local e regional é fundamental. Sem ela, a nossa identidade esvazia-se. Perdemos voz, contexto, memória. E, com isso, perdemos poder.

Não deixemos que isso aconteça.

Que este texto nos aproxime.

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