O Centro Cultural e de Congressos em questão

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Esta semana e de modo muito resumido decidi informalmente e em nome pessoal iniciar um debate via Facebook acerca do teor e estratégia programática do nosso Centro Cultural e de Congressos das Caldas da Rainha.
Para tal e na sequência de um post que anunciava a vinda do Palhaço Batatinha ao CCC escrevi o seguinte comentário: “Nada contra o Batatoon…. No entanto é triste, muito triste que a actividade deste centro cultural seja assim. 4 ou 5 dias antes de um momento que bem poderia servir para de forma inovadora, aproximar crianças da actividade cultural, se despeje desta forma uma programação avulsa e no meu entender irreflectida para a rua. Isto assim é vergonhoso! Que vendam muitos bilhetes para um equipamento que foi construído e é financiado com o dinheiro dos contribuintes!”
Foi um desabafo emocional, como mandam as “regras” da interacção nas redes sociais. Que me crucificassem pelo tom ou por não concordarem, mas que debatessem a questão.Ao invés, a opção foi o anonimato e o ataque pessoal reles, concordante com a postura a que nos têm habituado: – Só se “acede” ao CCC por entrevista marcada com meses de antecedência e não são nada proactivos na procura da produção local. Esta deveria ser a sua missão.
Até esperava que a minha provocação tivesse uma daquelas respostas paternalistas, pseudo-elevadas assim ao estilo do trono que suas excelências ocupam naquele enorme elefante branco.
No entanto foi esta a resposta: “Estamos certos que a actividade desenvolvida pela DAR constitui um exemplo que gostávamos de poder apoiar para isso aguardamos propostas e programas para podermos a dar o nosso contributo. A grande experiência desenvolvida pela DAR e por consequência pelo senhor André Rocha será uma mais valia para o CCC. Que segundo parece já tem uma classificação quanto à programação, meios e actividades que não desenvolve, por isso congratulamo-nos que instituições locais possam desenvolver aquilo que o CCC não é capaz. Obrigado pelo vosso contributo.”
Nem sei por onde começar:
1. DAR? A DAR é uma pequena Associação focada na promoção de uma coisa que se chama design aberto e inserida numa lógica de cultura aberta. É independente e nada tem a ver com esta conversa. A única ligação possível é de que eu faço parte da mesma enquanto membro da direcção e sócio fundador.
2. Posto isto fico sem resposta.
Eliminando a DAR e o ataque despropositado, anónimo e por isso cobarde, fico sem qualquer resposta.
Por isso, também não sei onde acabar:
1. A minha vontade é exigir a demissão de toda a direção do CCC. É inadmissível tratar assim um contribuinte crítico acerca da gestão de algo que é público.
2. Não consigo parar de enumerar a ignorância acerca do contexto local que pauta a programação deste Centro Cultural. Também no facebook ensaiei esta lista, no entanto e continuei sem resposta: “(..) só a ESAD produz: o Comunicar Design, o EVA – Festival de Vídeo e Artes Digitais, o Festival Ofélia e o InFrame. Já para não falar do Cln. Pergunto-me se alguma vez saíram dos vossos tronos e se dignaram a ir ao encontro destas organizações (…). Depois há aA062, a NAU, a Eletricidade Estética, a Cr&ativa e sim há também a DAR, que tem uma actividade humilde mas independente (…) ”
Se calhar estou a atacar pobres demónios que não são mais do que o reflexo de um total desnorte da administração local no que toca a políticas culturais.
À falta de Termas, de Indústria Cerâmica e de Comércio Local actualizado, uma sólida estratégia cultural seria basilar na (re)construção de tudo o resto. (…)
No entanto, não me parece que o problema do CCC se prenda com desinvestimento. Prende-se com falta de interesse, com egos, com má gestão cultural e com falta de adequação da oferta cultural.
Quantos espaços estão fechados dentro do CCC? Quantos estão mal aproveitados? Por favor, não me venham agora com a história dos públicos, de que há coisas que são só para elites e que tem que haver uma oferta variada. Se sim, que seja publicado quanto custam umas coisas e quanto custa o real investimento na oferta local. Não estou a falar da depressão e da divisão de migalhas para reinar. Estou a falar da implementação de uma estratégia cultural séria e participada. Estou a falar de discussões em mesa redonda sem palanques e maneirismos!
Estou a falar de aceitação de críticas por parte de quem tem legitimidade para criticar! (…)

André Rocha

NR – Gazeta das Caldas deu conhecimento desta carta à direcção do CCC para que pudesse replicar, mas esta não respondeu.

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