João Bernardes e Silva
professor
Miguel Sousa Tavares, na sua crónica semanal no Expresso, na última sexta-feira, fala de um “país eternamente adiado” e utiliza termos muito fortes na análise que faz. Nem sempre concordo com a sua linha de pensamento, mas é um bom ponto de partida para questionarmos a realidade à nossa volta.
Não considero que a discussão se tenha de fazer a discutir políticas assistencialistas dos estratos sociais mais pobres da sociedade. Temos de ter consciência do país desigual em que vivemos e das medidas que podemos adotar para o fazer avançar. Num país com parcos recursos naturais, exceção para o binómio Sol e Mar, devemos apostar nos recursos humanos. A formação da nossa população, e não apenas dos mais jovens, é o que pode fazer a diferença.
Não gosto de ter por base de reflexão o mundo do futebol, mas é importante reconhecer a mais-valia da qualidade das nossas academias de formação de jogadores e treinadores. É este exemplo de capacidade de valorização de capital humano que tem de contagiar todos os setores de atividade.
Os resultados do PISA, Programa Internacional de Avaliação de Alunos, que tem o objetivo de traçar o retrato dos sistemas educativos dos países da OCDE, têm demonstrado a melhoria contínua dos alunos portugueses.
Esta evolução tem sido sustentada na qualidade dos nossos docentes e no investimento que foi feito na sua formação. Deparamo-nos agora com a “propagandeada” falta de professores, agravada pelo volume crescente de aposentações nesta classe profissional, que irá aumentar nos próximos anos. Assistimos à tomada de medidas que não passam de meros paliativos perante a gravidade da situação.
Acredito que perante esta realidade, Portugal rapidamente irá inverter o seu percurso no PISA, tornando-se um país ainda mais adiado.
“Pornográficos números de absentismo” e “o mais baixo índice de natalidade de toda a Europa”… fruto de uma geração que não quer ter filhos – uns por justificadas razões, outros por simples “egoísmo” são outras das afirmações fortes de Miguel Sousa Tavares que nos devem inquietar.
Um país que se deixa nortear por questões de egoísmo e que não consegue olhar para a big picture, terá o seu futuro hipotecado.
Importa acreditar que será possível fazer diferente. ■

































