Chegados a Maio já são conhecidos os candidatos às próximas autárquicas. Alguns são frequentadores habituais deste espaço de crónica, e importa desde já e particularmente a esses deixar votos de boa campanha: ao vizinho do lado Jorge Varela, que vai como cabeça de lista à União das Juntas de Freguesia de Santo Onofre e Serra do Bouro; aos amigos que partilham este espaço em semanas alternadas, Rui Gonçalves pelo CDS, e José Carlos Faria pela CDU, ambos candidatos à Câmara Municipal. Que os vossos resultados só possam ser superados pelos do Bloco de Esquerda, pelo qual eu próprio sou candidato, como também já foi noticiado por este jornal.
Nesta candidatura que o BE faz aos órgãos autárquicos estou muito bem acompanhado pela minha camarada e amiga Carla Jorge, que se notabilizou nos últimos meses como porta-voz dos subcontratados do CHO, uma categoria de trabalhadores precários que diariamente se ocupam da saúde de todos nós no Hospital das Caldas assim como no Hospital de Torres, e em tantos hospitais e outras instituições públicas e privadas por esse país fora. É uma honra e um grande orgulho estar nesta candidatura em tão boa companhia. A Carla Jorge e os subcontratados do CHO deram, há uns meses atrás, o tiro de partida para a última etapa da longa lutas dos trabalhadores precários pelo reconhecimento dos seus direitos. Com o apoio da esquerda política que suporta o actual governo no parlamento, parece que desta vamos mesmo ter uma integração substancial de precários nos quadros dos serviços públicos do estado, onde já deviam de estar há muitos anos. Alguns destes trabalhadores prestam serviços em “outsourcing”, como subcontratados, há mais de 10 anos. Com a agravante destes serviços ficarem mais caros ao estado, para engorda de lucros das célebres ETT’s – Empresas de Trabalho Temporário, à custa dos trabalhadores mal pagos e sem direitos. Este será também um assunto incontornável nas autárquicas.
Felizmente parece haver, intrinsecamente, nas Caldas da Rainha uma qualidade vanguardista, ou inicial, que faz aqui desencadear movimentos inesperados. Esta luta dos subcontratados do CHO iniciou uma greve, que deu origem a outras por todo o país e que forçou o actual governo a reconhecer a justiça das suas reivindicações. A Carla Jorge e os subcontratados dos CHO, estão para esta integração de precários nos serviços do Estado, como o 16 de Março esteve para o 25 de Abril: sem um, não teria grande sucesso o outro. Mas não podemos esquecer aqui o contexto político nacional. Sem a actual composição parlamentar e sem o apoio das esquerdas que apoiam o governo do PS não estaríamos agora à beira dessa integração dos precários. É bom lembrar que para a esquerda o poder em si nada significa. O poder, ou a possibilidade de o influenciar, é o meio ou o instrumento de mudar a vida das pessoas. A possibilidade de melhorar a vida dos mais desfavorecidos, dos mais humildes, dos mais carenciados. Por isso a vida tem corrido melhor a mais pessoas: a existência da Geringonça faz o PS governar à esquerda, e isso está a fazer toda a diferença no país.
Já apresentados os candidatos, o BE vai apresentar agora um ciclo de debates, a decorrer em Maio e Junho, onde se espera que mais caldenses queiram participar com a sua visão crítica do que deve ser a cidade e o concelho nos próximos anos. No Bloco acreditamos nas virtudes de uma democracia participativa e acreditamos que os meios e mecanismos dessa participação podem e devem ser construídos, sem os partidos enjeitarem as suas responsabilidades nesta matéria. O “Observatório” será o espaço, o tempo e o modo de fazer emergir uma nova cultura política, para um concelho mais desenvolvido e uma cidade mais cosmopolita.
Lino Romão
linoromao2.0@gmail.com
































