Nos meus passeios matinais, em caminhada diária, tenho por hábito circular em espaço urbano, centrando a minha atenção no que me é mais caro e apelativo. Desta vez, com base no Parque de Dom Carlos I, resolvi assomar à área sul, anteriormente ocupada pelo Parque de Campismo. Foi, durante anos, uma zona independente e vedada a estes passeios. Muito embora se apresente com vegetação natural e limpo, mereceria alguma atenção como complemento do parque.
Nestas deambulações recordei uma ideia, na altura com desenho de arquitetura paisagística, para adaptação do espaço a uma sala de exposições ao ar livre, denominada “Parque Bordalo”. A ideia assentava na sustentabilidade económica e financeira da criação de uma zona de lazer, sem transformação do espaço arbóreo, com motivos e figuras bordalianas de grande escala, do tipo das usadas posteriormente na “Rota Bordaliana”. Com entrada paga na zona da fábrica de faianças e dedicada a alguma atividade lúdica, poderia transformar-se num polo de atração com ligação à loja, museu da fábrica e exposições .
O verão de São Martinho proporciona este usufruto de elevada qualidade com grande luminosidade e recorte, bem como uma temperatura muito aprazível.
Continuando por estes caminhos e distrações fui alertado para a agressão, em meu entender, proporcionada pela pintura e cor escolhida para um edifício recém-remodelado, junto à antiga Escola Primária e Posto de Controlo de Trânsito de antanho. Aquele azul eléctrico estará certamente correto e será seguramente uma interpretação estética deficiente da minha parte, tendo em conta que terá sido devidamente apreciado, analisado e aceite por quem tem o dever de zelar pela uniformidade e compatibilidade das cores apresentadas, e ensaiadas. Já me referi anteriormente à ausência de apreciação estética na generalidade, mas que neste caso aliado à multicolorida publicidade, parece bem agressivo.
Retomando as conjeturas que me vão aflorando, aponto para o estabelecimento e implementação de um corredor pedonal ou mesmo ciclável, com base no Rio da Cal, entre a Escola de Artes e Design e o Braço da Barrosa (Lagoa de Óbidos) com algumas zonas sobre elevadas em passadiços de madeira, devidamente enquadrados paisagisticamente. Denotaria um bom sinal de modernidade e evolução. Relembro aqui que, em tempos, foi pensado um canal navegável com o mesmo alinhamento tendo até sido realizado respetivo projeto.
Uma cidade moderna e apelativa para os seus e para quem nos visita passa por soluções corajosas e novas, potenciando os locais que hoje não são visitados ou utilizados. ■
Notas Urbanas
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